sexta-feira, setembro 25, 2009

A FUNDAÇÃO DA PRIMEIRA UNIVERSIDADE EM PORTUGAL TEVE A COLABORAÇÃO DO REITOR DE S. LEONARDO / ATOUGUIA

Por F.Engenheiro
Em Portugal a criação dos Estudos Gerais, ou Universidade, deve-se a el-rel D. Dinis que, em 12 de Novembro de 1288, reuniu em Montemor-o-Novo vários prelados os quais, atentos ao estado das relações entre o monarca e a Santa Sé, solicitaram por si o indulto apostólico para se fundar a Universidade.
Este pedido visa evitar que muitos jovens portugueses tenham de sair do seu pars para frequentar estudos superiores nas Universidades da Itália, França e Espanha. Somente em 9 de Agosto de 1290 chegou a bula da confirmação, depois de normalizadas as relações entre Portugal e a Santa sé.
O rei D. Dinis tornou pública a sua intenção de estabelecer em Lisboa um Estudo Geral. Diz o diploma régio:
“Desejando Nós enriquecer nossos Reinos com este precioso tesouro, houvemos por bem ordenar, na Real Cidade de Lisboa, para honra de Deus e da Santissima Virgem Sua Mãe e também do Mártir S. Vicente, cujo santissimo corpo se venera na dita cidade, um Estudo Geral que não só dotamos com numerosos doutores em todas as artes mas também favorecemos com muitos privilégios. Mas, porque algumas pessoas nos dizem que muitos virão de várias partes ao nosso dito Estudo, se gozarem de segurança de corpos e bens. Nós querendo desenvolvê-lo em boas condições, prometemos, com a presente carta, plena segurança a todos os que nele estudam ou queiram de futuro estudar e n permitiremos que lhes seja feita ofensa por algum ou alguns de maior dignidade que sejam, antes, com a permiss de Deus, curaremos de os defender de injúrias e violências. Além disso, quantos a ele vierem nos acharão em suas necessidades de tal modo generosos, que podem e devem fundamentalmente confiar nos múltiplos favores da Alteza Real”
O sítio escolhido foi, em Lisboa, a pedreira no bairro de Alfama, junto à porta da Cruz, ou da Moeda Velha. Ali se ensinavam Leis, Cânones, Gramática, Lógica e Medicina (música só mais tarde a partir de 1309).
Em 1308 transferiu-se a Universidade para a cidade de Coimbra por bula do papa Clemente V. Transferida por D. Afonso IV para Lisboa, em 1338, foi a Universidade mudada no mesmo reinado para Coimbra em 6 de Dezembro de 1354.
D. Fernando, em 3 de Junho de 1377, mudou-a para Lisboa, também para o sítio de Alfama, prometendo que ela havia de estar perpetuamente em Lisboa, sem que em nenhum tempo se mudasse para Coimbra, nem para outra parte do Reino. Em 1385, depois de aclamado rei corroborou tudo quanto prometera.
Depois de longos anos de paragens incertas, foi D. João III que, em 1537, chamando sábios estrangeiros, mudou definitivamente a Universidade para Coimbra, onde se tem conservado.
Retomando a sua fundação na Capital do Reino, D. Dinis tinha o plano feito da sua Universidade, e já interessara a Igreja do Reino por essa fundação, cujo proveito e cuja glória deviam reverter principalmente em favor dela, porque em primeiro lugar a Universidade, aqui como em toda a parte, ficava sujeita a jurisdição eclesiástica; depois nessa época quem dizia estudioso, dizia clérigo, e a Universidade vinha a ser um viveiro de homens da igreja eruditos. Por isso não foi difícil a D. Dinis, convencer muitos abades e mosteiros e priores de igrejas a que concorressem com uma parte das suas rendas à sustentação da Universidade, e foram eles mesmo que dirigiram uma súplica ao Papa rogando-lhe que lhes permitisse alienar uma porção das rendas eclesiásticas para pagamento dos mestre da nova Universidade.
Foi aqui, neste conjunto de elementos a darem o seu contributo para o sustento da Universidade, que o reitor da Igreja de S. Leonardo de Atouguia tomou a responsabilidade perante o Rei de fazer tudo o que fosse possível e estivesse ao seu alcance a favor da manutenção da Universidade.
Logo que a Universidade foi transferida pela primeira vez para Coimbra, em 1308, foram anulados os subsídios dados pelos abades e reitores que se tinham proposto para isso; mas nesse ano o papa Clemente V concedeu a D. Dinis que anexasse à Universidade seis igrejas do padroado real, para que das suas rendas se provesse às despesas daquela instituição.
A Câmara Municipal de Atouguia, e mais tarde a de Peniche, ao abrigo da Lei, até possivelmente à criação do primeiro Ministério da Instrução Pública em 1870, deram o seu contributo, subsidiando aquela entidade. Passo a citar, em resumo, algumas notas das suas contribuições: ‘Ano de 1606 - 18 de Fevereiro - Para pagamento das despesas com trinta estudantes de medicina e cirurgia, mandados para Coimbra, por D. Sebastião e por Provisão desta data, coube à Vila de Atouguia, da Comarca de Leiria, contribuir com 20 mil réis”- (Vol. V - 1605/1615, Doc. 5).
“Vereação de 1/7/1637 - Os médicos de Coimbra seriam pagos por 20 mil réis, cabendo 10 mil réis à Câmara de Atouguia e outros 10 mil réis à de Peniche”
“L.° de Vereações de 1765/177 fls. 3 - médicos de Coimbra – comparticipação da Câmara Municipal de Peniche
- Neste juízo entregou-se ao Reverendo Senhor Beneficiado Manuel Afonso trinta e oito mil réis para os médicos da Universidade de Coimbra cuja quantia é da Vila de Peniche de dois anos que são de 1773 e 1774 e recebeu Domingos Duarte, procurador da Vila.’
Outros pagamentos se seguiram no século dezanove.
Peniche, Agosto de 2009.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Pessoas que mudaram o Mundo

Discussing the Divine Comedy with Dante
Discussing the Divine Comedy with Dante

Clique sobre a imagem acima para a ampliar e identificar os indivíduos, quando passa o rato sobre as imagens. Clicando nas mesmas terá acesso à sua biografia na Wikipédia.

sexta-feira, setembro 11, 2009

Porque é que GD Peniche não subiu a 1° divisão em 1967!

Nas suas memórias, Armando Rocha, engenheiro, gestor e dirigente desportivo de diversas modalidades, conta um episódio elucidativo:
em 1967, o almirante Tenreiro ter-lhe- enviado um telegrama a interceder pela resolução de um protesto do Clube Desportivo de Peniche que, a ser ganho, resultaria na subida de divisão do clube de futebol local.

No pedido, Tenreiro advertia que, caso o Peniche não fosse promovido os pescadores locais entrariam em greve. De forma ainda mais prosaica, respondeu-lhe o director-geral dos Desportos e inspector nacional do Desporto Universitário, um salazarista insuspeito, que «nada podia dizer quanto à greve. Agora quanto à almejada subida de divisão, ela não se verificaria e nem o Peniche subiu de escalão, nem os pescadores fizeram greve.

Texto extraído do livro: Henrique Tenreiro uma biografia politica de, António Garrido

Isto significa que existia naquela época uma vontade politica de impedir o clube de ter accesso ao escalão maximo, que podia eventualmente ( mesmo sendo pouco provavel )participar numa competição europea, com todo o impacto mediatico que traz o futebol, não seria bom para o regime da época o nome de Peniche ser muito falado tanto a nível nacional quanto muito menos internacional, e foi assim que uma geração de jogadores foi sacrificada no altar dos interesses politicos dos dirigentes nacionais.
Muitas pessoas têm saudades daquele tempo, sobretudo aqueles que não o viveram..........imaginem o impacto para Peniche se tivéssemos um clube no escalão maximo, era outra cantiga mesmo em termos económicos.............

quinta-feira, agosto 06, 2009

Navio Bacalhoeiro Creoula







Navio bacalhoeiro, Creoula, feito em Renda de Peniche, 1º Prémio de renda erudita no Concurso de Rendas de Bilros de Peniche, Julho de 2009, com desenho de Ida Guilherme e renda de M. Graciete Guilherme.



terça-feira, junho 23, 2009

sábado, junho 20, 2009

Igreja matriz de São Leonardo, Atouguia da Baleia, Peniche

Fachada lateral sul e cabeceira.Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967.
Data aproximada da produção da fotografia original: 1954.

Galeria de Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

quarta-feira, junho 10, 2009

The Beatles

segunda-feira, junho 01, 2009

ADMINISTRADORES QUE SERVIRAM PENICHE E SEU CONCELHO

ADMINISTRADORES QUE SERVIRAM PENICHE E SEU CONCELHO A PARTIR DO DECRETO DE 18/711835, QUE MANDAVA FAZER ELEIÇÕES INDIRECTAS PARA A ESCOLHA DOS MESMOS:

Por: Fernado Engenheiro
Verissimo de Almeida Coelho, com in em 1836.
Aquando da aclamação da Carta Constitucional, a 12/2/1842, estava em actividade Vicente de Paula Henriques Ferreira Souto (L. de Despesas da C. M. de Peniche com início em 1843).
D. Francisco de Salles da Piedade Lencastre (estava em plena actividade em 1854)
Francisco Manuel Veloso da Horta (em 1863 encontrava se no exercício das funções).
José Olimpio Ferreira Pinto - (estava em plena actividade a partir de 14/6/1864)
(As datas que se encontram adiante dos seguintes corres pondem às respectivas nomeações)
Miguel José Simões - 9/4/1869
António Rodrigues Pereira - 15/1/1873
Dr. Bento Joaquim de Mesquita Pimentel de Carvalho - 21/1/1877
José Viana Abranches - 14/12/1878
António Ferreira Machado (Administrador Substituto) - 1883
Francisco de Paula d Borges - 12/1/1889
António Ferreira Machado - 1890
José da Costa Bello (Administrador Interino) -29/1/1890
Luis António Ferreira das Neyes (Administrador Interino) - 25/3/1 890
Antônio Maria da Costa - 4/7/1 893
Joaquim Simões Neyes Paneiro (Administrador Efectivo) - 4/7/1 893
José Maria Marques de Almeida Aguiar (Administrador Efectivo) - 18/4/1895
Paulo Maria de Britto Camiller - 10/9/1895
Valeriano António França (Administrador Interino) - 17/3/1897
José da Costa Bello - 10/3/1898
Padre José Cândido Gualberto da Costa Leal (Interino) - 2/7/1900
Paulo Maria de Britto Camiller - 19/6/1902
José da Costa Bello (Administrador Interino) - 11/11/1904
José Maria Marques de Almeida Aguiar - 18/4/1905
Albino Estevão Vitória Pereira (Administrador Interino) - 3/6/1905
Jacinto Alexandre-18/3/1908
Antônio Chaves (Administrador Interino) - 24/3/1908
Marcelino da Silva Gonçalves
Paulo Maria de Britto Camiller - 9/7/1910
Francisco Nunes Branco - 23/1/1911
João Afonso de Barros (Administrador Interino) - 4/8/1911
José de Sousa Pereira - 31/8/1911
Mateus Colares Vizela (Administrador Interino) - 3/11/1912
Alfredo Júlio Quintino Lopes de Macedo (Administrador Interino) - 11/6/1915
João Correia Peixoto (Administrador Interino) - 14/7/1915
João Correia Peixoto (Administrador Efectivo) - 22/9/1916
Manuel Henriques (Administrador Interino) -16/11/1917
José Frederico Moita e Costa - 6/1/1918
Dr. Bartolomeu Lemos Viana ( Administ. Interino) - 20/7/1918
Jacinto Alexandre - 21/8/1920
Gaspar Cardoso de Carvalho Machado - 23/9/1920
Jacinto Alexandre - 25/10/1920
Joaquim Gualdino Nunes Rego de Carvalho
Jacinto Alexandre - 1/6/1921
José Lourenço da Torre (Administrador Interino) 27/11/1 921
Adriano Cândido de Magalhães - 26/3/1922
J Cândido de Oliveira - 8/4/1922
José da Fonseca (Administrador Interino) - 13/5/1922
Eduardo Mário Veiga - 13/10/1923
Duarte Formoso Pinto - 31/5/1930
Joaquim Guilherme de Fana Junior - 24/7/1930
Alberto Monteiro de Proença (Administrador Interino) - 26/1/1933
Carlos Alberto de Barros e Vasconcelos da Cruz Sobral (Vice-Presidente da Câmara Municipal, com actividades como Delegado Policial) - 20/2/1941
Tenente Afonso Neyes (Vice-Presidente da Câmara Municipal, com actividades de Delegado Policial nos anos que decorreram de 1945 a 1959.

Devo referir que as Administrações de Concelho foram abolidas em 31/12/1927, pelo Decreto n° 14.812, tendo sido os seus serviços e as suas atribuições (que eram essencial mente de natureza policial) confiadas aos Presidentes das Câmaras Municipais. Estes frequentemente as delegavam nos respectivos Vice-Presidentes, pelo que durante muito tempo era usual o povo dar a quem desempenhava estas funções a designação de ‘ do Concelho” cargo que, como é óbvio, deixara de existir.

quinta-feira, maio 28, 2009

FORTALEZA DE PENICHE GOVERNADORES DA PRAÇA AO LONGO DOS SÉCULOS

Por: Fernando Engenheiro
Desde o inicio da construção das fortificações de Peniche para defesa da costa, em 1557, que os titulares do Condado de Atouguia dirigiram as obras e acompanharam todo o seu percurso, obras que estiveram na origem do que mais tar de foi a Praça Militar de Peniche. Os primeiros e únicos donatários e alcaides-mores de Peniche foram os Condes de Atouguia.
Ainda antes da sua plena actividade já exerciam a actividade de GOVERNADORES DA PRAÇA DE ARMAS.
Atendendo ao poder que Ihes estava confiado pela Casa Real, em diversos pontos do Globo, os Governadores delegavam as suas funções nos Sargentos-Mores. Estes tinham como missão o papel de comandantes de regimentos de infantaria na organização do exército.
Passo a citar alguns que acumularam aquele desempenho até à extinção do Condado de Atouguia da Baleia pela morte no cadafalso de Belém, a 16 de Janeiro de 1759, do ultimo Conde Dom Jerônimo de Carvalho Menezes e Athaide.
1649 - Gaspar Luis de Meireles (doc. de 23/12/1649)
1690 - Diogo de Carvalho da Costa (ao que nos é dado a conhecer r era natural de Peniche mas aqui formou família com o seu casamento com D. Maria Palhano, natural desta então Vila de Peniche.
1706 - Manuel Fernandes.
1717 - Cristóvão Correla Freire (L. de Alvarás da Câmara Municipal de Peniche de 1710/1721-Fls. 83v. e 84).
1749 - Diogo Afonso de Vasconcelos (Livro de Vereações da C. Municipal de Peniche de 1749/1751-fls. 20).
1755 - João da Silva Bento, natural de Peniche, foi a 12/6/1792 elevado à patente de Major.
Foi a partir da tragédia que levou à extinção da Casa de Atouguia que novos contornos se criaram para o governo daquela Praça de Guerra. Assim veio para 1° Governador o Marechal de Campo LOURENÇO DE MELLO DA SILVA E SA, ao mesmo tempo que seu irmão LUIS DE SÁ E MELLO, Tenente Coronel, veio governar a Praça da Berlenga (Ministério do Reino, maço 615 - n°105).
Outros seguiram: 1785 - Tenente Coronel ANTÔNIO FRANCISCO DE ABREU.
1789 - Brigadeiro PEDRO JOSÉ DE FARIA E HORTA.
1800 - Tenente Coronel EUSÉBIO DIAS AZEVEDO.
1801 - Brigadeiro ANASTÁCIO JOSÉ RAMOS.
1807 - Brigadeiro LUIS ANTÔNIO CASTTELO BRANCO (faleceu a 8/1/1816 - foi a sepultar na Igreja de S. Pedro na entrada principal (dentro do guarda-vento com tampo em pedra).
1812 - Marechal (Inglês) RICARDO BLUNT.
1813 - Major (Governador interino) GARCIA MANUEL DURÃO PADILHA.
1814 - Tenente Coronel FRANCISCO ANTÔNIO DOS REIS.
1/12/ 1816 - Tomou o comando o Marechal de Campo ANTONIO HIPÓLITO DA COSTA.
1833 - Marechal de Campo ANTONIO FELICIANO TELES DE CASTRO APARÍCIO.
1833 (25/7) - Coronel JOAQUIM PEREIRA MARINHO - (foi o primeiro oficial do exército liberal que, estando na ilha da Berlenga, comandando as forças para ah mandadas, entrou nesta Praça e assumiu o Governo).
1833 (30/8) - Coronel de Engenharia - Barão de Sá da Bandeira, BERNARDO DE SA NOGUEIRA DE FIGUEIREDO (governou a Praça até 25 de Setembro de 1833).
1833 (21/10) - Brigadeiro, Conde de Casai, JOSE DE BARROS ABREU - (deixou o governo da Praça em 10/1/1837, por ter sido eleito deputado às Cortes).
1837 (10/1) - Marechal de Campo Graduado FRANCISCO JOAQUIM CARATTI (exonerado por ordem do Exército n°87, de 7/12/1838.
1838 (7/12) - Coronel de Engenheiros JOAQUIM PEDRO PINTO SOUSA Governador interino até 6/10/1840).
1840 (25/10) - Barão de Cacilhas ROMÃO JOSE SOARES (não assumiu o Governo da Praça, governando interinamente o Tenente Coronel J. Bernardo de Mello Nogueira do Castelo, exonerado pela ordem do Exército n. 57 de 11/11/1840).
1840 (25/10) - Tenente Coronel J. Bernardo de Mello Nogueira do Castelo (governando interinamente).
1840(11/11)- Coronel de Engenheiros JOAQUIM PEDRO PINTO DE SOUSA, (tomou o governo como efectivo em 21/11/1840. Exonerado pela ordem do Exército n°53 de 1841).
1841 (22/9) - Coronel- MIGUEL CORREA DE MESQUITA PIMENTEL (exonerado pela ordem do Exército n° 25 de 10/7/1 843)
1843 (10/7) - Brigadeiro CARLOS JOSE CARDOSO MONIZ CASTELO BRANCO (exonerado pela ordem do Exército n° 21 , de 20/6/1846.).
1846 (27/7) - Brigadeiro JOAQUIM PEREIRA MARINHO (exonerado pela ordem do Exército n° 53, de 11/10/1846).
1846 (11/10) - Brigadeiro CARLOS JOSE CARDOSO MONIZ CASTELO BRANCO (deixou o Governo em 5/6/1851).
1851 (6/7) - Marechal de Campo JOSÉ PEDRO CELESTINO SOARES (deixou o governo em 1/8/1853 por ter obtido 30 dias de licença registada).
1853 (1/10) - Brigadeiro Graduado de Engenheiros LUIS ANTONIO DE MESQUITA CABRAL DE ALMEIDA - (deixou o Governo em 8/5/1854).
1854(20/9) - ?ANTÔNIO ACÁCIO DA SILVEIRA FRANCO (deixou o governo da Praça em?)
1855 (23/8) - Brigadeiro Graduado- JOSÉ MARIA IAARLAY (não tomou o governo da Praça - governando interinamente o Tenente-Rei CHATEAU NEUF).
1855 (10/11) - Brigadeiro CHRISTOVAM JOSE FRANCO BRAVO (exonerado pela ordem do Exército n. 48. de 8/10/1856)
1856-SEBASTIÃO FRANCISCO GRIM CABREIRA, Barão da Batalha (não chegou a vir à Praça governando em seu lugar o Tenente-Rei CHANTEAU NEUF).
1857 (3/9) - Brigadeiro JOSÉ QUINTINO DIAS, Barão do Monte Brasil (deixou o governo em 28 de Fevereiro de 1856, sendo Marechal de Campo).
1865 (20/3) -General de Brigada JOÃO GRIFFITHS (exonerado pela ordem do Exército n°58, de 28/10/1870).
1870 (28/10) - Conselheiro General de Brigada FRANCISCO MARIA MELQUIADES DA CRUZ SOBRAL (exonerado pela ordem do Exército n. 29, de 19/8/1872).
1872 (19/8) - General de Brigada JOÃO GRIFFITHS (deixou o governo em 3/10/1872).
1872 (12/11) - Conselheiro Coronel de Cavalaria JOAQUIM FERREIRA SARMENTO (exonerado
pela ordem do Exército n°14, de 20/6/1875, sendo General de Brigada).
1875 (26/6) - Coronel de Artilharia AUGUSTO CESAR NUNES (exonerado pela ordem do Exército n°15, de 10/6/1876).
1876 (10/6) - Coronel de Engenharia ANTONIO FERREIRA DA ROCHA GANDRA (exonerado pela ordem do Exército n. 39, de 5/12/1876) - em 1884 era general reformado de divisão.
1876 (30/12) - Coronel de Infantaria SEBASTIÃO DA MOTA MONIZ DA MAIA (deixou o governo da Praça em 31/10/1880).
1880 (22/11) - Coronel de Infantaria ANTÓNIO JOSÉ BOTELHO DA CUNHA (deixou o governo da Praça em 31/10/1886).
1886 (31/10) - Coronel de Infantaria MANUEL JOAQUIM MARQUES (deixou o governo da Praça 10/3/1890).
1890 (10/3) - Coronel de Infantaria BERNARDO CELESTINO DA COSTA PIMENTEL (deixou o governo da Praça em 2/10/1893).
1893 (2/10) - Coronel de Infantaria ANTONIO SEVERINO ALVES GALVÃO (deixou o governo da Praça em 23/5/1894).
1894 (23/5) - Coronel de Infantaria JOSE THOMAS DE CACERES (deixou o governo da Praça em 30/9/1897). A PRAÇA MILITAR PASSOU A SER DESCLASSIFICADA.
1897 (Outubro) - Coronel Reformado MANUEL FERREIRA BRET (passou a exercer o Comando. Militar - faleceu em Peniche, a 13/5/1912, onde foi sepultado.)
? - Coronel Reformado ANTÔNIO MARIA DE BARROS VASCONCELOS DA CRUZ SOBRAL ((faleceu em Peniche, a 5/12/1934, onde foi sepultado.)
13/10/1923 - A ANTIGA PRAÇA MILITAR DE PENICHE É DESCLASSIFICADA PELO MINISTÉRIO DA GUERRA, MANTENDO A SERVIDÃO. 1934 (15/12) - Coronel de Reserva CARLOS IVO DE Si& FERREIRA (Comandante militar até 30/3/1937, data em que foi extinto o Comando - Nota confidencial n° 2745 do Rg. do Ministério da Guerra).


N.B. - Por falta de elementos ao meu alcance, não foi possível consultar alguns termos de posse dos governadores desta Praça, na certeza porém de que as datas justificam que estavam em plena actividade no exercício das suas funções.

quarta-feira, maio 20, 2009

Uma Justiça Mais Justa

Por: Fernando Engenheiro
OS DESIGNADOS “JUIZES DE FORA” QUE SERVIRAM OS CONCELHOS DE ATOUGUIA E PENICHE AO LONGO DOS TEMPOS
Fazem parte dos anais da história de Peniche e seu Concelho estes magistrados que, ao longo dos tempos, tentaram resolver com Justiça os conflitos que se iam verificando por estas bandas, pois lhes era atribuído o poder judicial.
Desde os primeiros tempos da nossa nacionalidade o Poder Central tentou acompanhar a aplicação da Justiça que delegava, embora sendo do nosso conhecimento, por documentos dos primeiros séculos da nossa história, que a administração da Justiça era irregular, tal como a administração dos outros sectores da vida nacional.
Por tradição antiga, cabia aos homens bons dos concelhos elegerem os chamados “JUIZES DA TERRA’ para desempenharem a sua magistratura ordinária.
E obvio que a acção dos juizes da terra seria grandemente limitada e prejudicada por muitas inibições.
Tal facto e, naturalmente, o desígnio político da centralização de poderes, se não ainda a multiplicidade dos negócios judiciais e das leis vigentes por todo o País no século XIV, mais propriamente no reinado de D. Afonso IV (à frente dos destinos do País a partir de 1325) levaram à instituição do regime de JUIZES DE FORP a serem nomeados pelo próprio Soberano.
Tinham como fundamento principal o seguinte:

“Os juizes naturais da terra hi muitos azos pera nom fazerem compridamente justiça porque os naturais da terra teem hi muitos parentes e amigos e outros que com elles h dividos de conlacia e doutros semelhaveis e alguns com outros hi malquerenças e desamor ou hão receança deles, por os quaes o direito presume que tão compridamente nom far dereito come os estranhos.

Por longos anos não foi aplicado em todos os concelhos do País este contributo para uma melhor aplicação da justiça, ou por falta de magistrados formados em Leis ou pelo grande isolamento que Peniche oferecia, ou até pelas grandes despesas que isso acarretava para os concelhos, não sô pelos ordenados mas também pelas aposentadorias a cargo dos municípios onde se incluíam as despesas com o “Meirinho” (antigo oficial de justiça que correspondia ao actual Oficial de Diligências).
Assim aconteceu nos concelhos de Atouguia da Baleia e de Peniche onde perdurou o regime dos “juizes da terra desempenhados em grande parte pelo “Juiz Presidente” (actual presidente da Câmara Municipal).
Além destas autoridades concelhias, desempenharam missões de magistratura: o Doutor Francisco d’Horta do Rego, Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, Juiz Ordinário na Vila de Atouguia (L. de actas da Câmara Municipal de Atouguia 1652/1656, fls. 12) e o Doutor Pedro Franco Quaresma, Cavaleiro Fidalgo, Juiz Ordinário na Vila de Peniche, natural de Peniche, em plena actividade no exercício das suas funções em Setembro de 1672, filho de Francisco Franco e de Maria Domingas, sepultado na Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Peniche em 24/7/1694. (Possivelmente outros se seguiram, mas por falta de elementos não é possível mencioná-los). Era difícil a resolução deste assunto, dadas as despesas que acarretava para os concelhos mais pobres, que era o caso dos de Atouguia e de Peniche.
Nas Cortes de Evora, em 1535, os concelhos queixaram-se ao Rei, chamando a atenção para a conveniência de acabar com os juizes de fora ou, sugerindo em alternativa, que todos fossem inteiramente pagos pelo Poder Central, por forma a que os concelhos fossem aliviados da aposentadoria dos juizes e meirinhos.
A isto acedeu o Rei D. Manuel, como era justo. Estava garantido o novo regime judicial. A nomeação dos juizes de fora passava de acto extraordinário a ordinário.
Mas, ao que me foi dado pesquisar, é só a partir de 29/11/1669 que aparece registado nos documentos em arquivo na Câmara Municipal de Peniche o primeiro termo de posse como “Juiz de Fora” a favor do Doutor de Leis, Manuel Carlos da Silva Gusmão.
Outros se seguiram: em 1759, por 3 anos e mais três anos.

Doutor Miguel Ribeiro da Cruz; 1773
Doutor Luis Franco de Barbuda; 1774 (posse a 17/4/1774)
Doutor Alexandre Luvino do Valle e Silva; 1774 (posse a 26/12/1774)
Doutor Carlos Manuel Pereira de Sousa; 1776
Doutor Alexandre Luvino do Valle e Silva; 1778 (posse a 8/6/1778)
Doutor José de Fana Leitão e Sousa Picanha; 1781(posse a 9/11/1781)
Doutor António de Couto Machado; 1784 (posse a 2/12/1784)
Doutor José Monteiro Resende Cabral ; 1787 (posse a 17/3/1787)
Doutor José Monteiro Resende Cabrai ; 1788
Doutor Francisco Franco Quaresma; 1789 (Em acumulação como Juiz Presidente António Pedro de Caria; 1790

Antônio Pedro de Caria; 1792 (posse a 21/5/1792)
Doutor José Alvaro Coelho Franco da Silva; 1793
Doutor José Monteiro Resende Cabral; 1795
Doutor José Monteiro Resende Cabral ; 1796 (posse a 13/9/1796)
Doutor Faustino José Lopes Nogueira de Figueiredo e Silva (quando da sua ausência era substituído pelo Juiz Presidente do Senado Teotónio Franco da Silva); 1800 (posse a 5/7/1800)
Doutor Cláudio Manuel de Almeida Cardoso Telles; 1803 (posse a 17/12/1803)
Doutor Antônio Pedro de Oliveira Gaio; Doutor Joaquim Carneiro de Andrade e Vasconcellos (L. de actas da C. M. de Atouguia de 1807/1816, fls. 170); 1809
Doutor José Manuel Dias de Carvalho; 1811
Doutor João José Pereira da Costa (interino); 1811
Doutor José Manuel Dias de Carvalho; 1811 (posse a 16/7/l811)
Doutor José Diogo da Fonseca Pereira; 1815 (posse a 24/1/1815)
Doutor Joaquim Carneiro de Andrade e Vasconcelos; 1819 (posse a 29/7/1819)
Doutor José Alvarez Pinto Vilar; 1820 - José Alvaro Coelho Franco da Silva; 1822 (posse a 7/8/1822 )
Abel Maria Jordão (até à vereação de 20/7/1823); 1823 (posse a 25/9/1823)

António Roberto de Araújo Queiroz; 1826 (posse a 12/10/1826)
Martinho de Mello Machado Corte Real; 1830
Doutor José Joaquim Mendes da Cunha.
Por último: o Doutor José Manuel de Campos Feo (L. de actas da Câmara Municipal de Atouguia da Baleia de 1832/36, fls. 17).

A partir do Decreto de 16 de Maio de 1832 o sistema judicial do País sofreu grandes alterações sendo então extinto o lugar de “Juiz de Fora Determinava-se que todas as comarcas seriam providas com Juizes de Direito. Todavia nos julgados mantinha-se o juiz ordinário e nas freguesias o eleito, ambos de eleição popular.
Peniche, Maio de 2009.

quinta-feira, maio 14, 2009

Praça Militar de Peniche


Por: Fernando Engenheiro
NOTAS CURIOSAS EXARADAS NOS LIVROS DO MUNICÍPIO RELATIVAS AOS ELEMENTOS QUE SERVIRAM, OU SE PROPUSERAM SERVIR, NAS COMPANHIAS DA PRAÇA MILITAR DE PENICHE, COM REFERÊNCIAS MAIS ACENTUADAS A PARTIR DA EXTINÇÃO DO CONDADO DE ATOUGUIA DA BALEIA:
29/12/1765 - FRANCISCO ANTÔNIO DINIS, filho do Capitão mandante das ordenanças, Antônio Martins Dinis “o qual hé das principais famílias desta Villa com os requezitos de desinteresse que manda a ley e os mais que se requerem para bem servir o dito posto de ALFERES na companhia de seu pay, e de ajusta- dos procedimentos
PEDRO SERVANTES DE ALARCÃO, filho de Fabião de Carvalho Figueira “que he morgado da Moita Longa, e das primeiras famílias desta Villa, e elle proposto também Morgado, e de bons procedimentos e todos os requisitos que mais são necessários para occupar o dito posto, de ALFERES da COMPANHIA do capitão Luiz Gonçalves
PEDRO VIANNA FRANCO, “também Morgado e dos melhores da Vila, com os mesmos predicados que fazem a bem do dito cargo de ser informado no dito posto sendo igualmente que os mais desinteressado.
Para o posto de CAPITÃO da Ordenança vago por falecimento de SEBASTIÃO MIGUEL DE CARVALHO, concorreram os seguintes:
PEDRO SERVANTES DE ALARCÃO, com as capacidades já acima expostas FABIÃO DE CARVALHO FIGUEIRA, FRANCISCO ANTÔNIO DINIS, filho do Capitão mandante das Ordenanças desta Vila, ANTONIO MARTINS DINIS “o qual é Alferes da Companhia de seu pay, benemérito e com requisitos necessários para o dito posto e das principais famílias, e dos melhores procedimentos
ARSÉNIO FRANCO DE ARAÚJO, “que tem requezitos de benemérito, e com desinteresse”,
PEDRO VIANNA FRANCO “por ser principal pessoa desta Villa, Morgado della e com requezitos para o ser nomeado JOSE RIBEIRO BARRETO, “por ser pessoa abastada, e que tem servido neste Senado
VERISSIMO PALHANO FRANCO, “imediato ao Morgado de seu irmão pessoa da primeira Nobreza da Villa com dezinteresse, rectidão e mais bons procedimentos.
5/10/1785 - Tomou posse do POSTO DE CAPITÃO DA COMPANHIA DA ORDENANÇA DESTA VILA que estava vago por falecimento de Luis Gonçalves Pellaio o CAPITÃO JOSE LEAL MOREIRA.
16/3/1787 - Tomou posse do POSTO DE CAPITÃO DA COMPANHIA DA ORDENANÇA DESTA VILA que estava vago por falecimento do Capitão Antônio Martins Dinis o CAPITÃO INÁCIO JOSE BARRETO.
29/11/1789 - Tomou posse LUIZ MANUEL DA SILVA FRAN CEZ, “Cavalleiro Fidalgo da Casa Real e morador desta ditta Villa a quem Sua Magestade por Sua Carta patente conferira o posto de CAPITÃO-MOR das ORDENANÇAS DESTA MESMA VILLA creando de novo este posto e em observância da carta Ihe deu o Juiz Vereador Presidente o juramento dos Santos Evangelhos pello quai se obrigou a cumprir inteiramente os deveres do seu posto e as mais obrigações de bom e fiel vassallo
21/8/1790 - Tomou posse MIGUEL CARLOS DE SOUSA, “morador desta ditta Villa a quem o Excelentíssimo Duque de Lafões, General desta Prov por Sua Carta nomea por AJUDANTE DA ORDENANÇA”
25/2/1792 - Tomou posse JOAQUIM ANTONIO FRANCO DE BARBUDA (Vereador da Câmara, Alferes de uma das Companhias da Ordenança, desta Vila e nela morador, e que terá de fundo capital três mil cruzados) “o qual aprezentou huma Carta patente por que Sua Magestade lhe faz mercê do posto de CAPITÃO DA COMPANHIA DA ORDENANÇA desta Vila que se acha vaga por falecimento de JOSE ANTONIO DE CARVALHO FIGUEIRA”,
31/12/1800 - Tomou posse JOSÉ RICARDO FERREIRA (foi Procurador deste Concelho e também Alferes de uma das Companhias da Ordenança, desta Villa, aonde é morador, e que terá de fundo capital cinco mil cruzados), “aprezentou huma Carta patente pella qual o Principe Regente Nosso Senhor o nomea CAPITÃO DA COMPANHIA DA ORDENANÇA desta Villa que vagou por falecimento de JOAQUIM ANTONIO FRANCO DE BARBUDA
3/11/1798 - Procedeu-se à eleição de três pessoas hábeis na forma das Leis e Ordens Régias para uma delas ser provida no posto de Capitão das Ordenanças vaga por falecimento de Joaquim Antônio Franco de Barbuda:
Em primeiro lugar - “O Bacharel Francisco de Salles Figueira, Escrivão da Alfandega desta Villa e nella morador, e que tem de fundo capital cincoenta, para sessenta mil cruzados.
Em segundo lugar - “José Ricardo Ferreira, Alferes de huma das Companhias da Ordenança, desta Villa e nella morador, Escrivão das Sizas da mesma, e que tem de fundo três para quatro mii cruzados
Em terceiro lugar - “José de Moura Vasconcellos, Alferes de huma das Companhias da Ordenança da Villa de Atouguia, Tabelião do Judicial e Nottas desta Villa de Peniche aonde hé morador e que tem de fundo capital oito mil cruzados.
1799 - Novas eleições são efectuadas para nova vaga pelo que compareceram, depois dos requerimentos apresentados, os seguintes interessados:
Em primeiro lugar — “O Doutor Jozé Teodoro Ferreira Souto, Formado na Faculdade de Leis pessoa das mais qualificadas desta terra e nella morador, no destricto da Companhia Vaga, e que administra hum Morgado concideravel e que tem de fundo capital vinte e cinco para trinta mil cruzados
Em segundo lugar - O Doutor Pedro Servantes de Alarcão, Formado na Faculdade de Leis, pessoa das mais nobres desta Villa e morador no distrito da Companhia Vaga, e que tem de fundo capital quinze até dezoito mil cruzados.
Em terceiro lugar - “Gerônimo Jozé Franco, Alferes de huma das Companhias da Ordenança desta Vila, e morador nela e no destrito da Companhia Vaga, Escrivão do Almoxarifado da Fortaleza de São João Baptista da Berlenga, e que tem de fundo quinhentos a seis centos mil réis
21/4/1802 - Para preenchimento da vaga de CAPITÃO DE ORDENANÇAS, deixada por falecimento de Domingos Franco Quaresma:
Em primeiro lugar - “Gerônimo Jozé Franco, Alferes da Companhia do Capitão Antônio Correa de Britto Penteado, morador no destrito da Companhia Vaga, Escrivâo do Almoxarifado da Berienga e que tem de fundo quinhentos a seis centos mil réis
Em segundo lugar - “Jozé de Moura Vasconcellos, Alferes de huma das Companhias da Ordenança da Villa de Atouguia porém morador nesta de Peniche e no destrito da Companhia Vaga, Tabelliào da Judicial desta Villa e que tem de fundo oito mil cruzados
Em terceiro lugar - Marcellino Jozé Esteves, Alferes de huma das Companhias da Ordenança desta Villa aonde hé morador no destrito da Companhia Vaga que vive das suas fazendas e que tem de fundo selle mil cruzados.
15/9/1803 - Para preenchimento da vaga de CAPITÃO DA COMPANHIA DE ORDENANÇAS, vaga por falecimento do Capitão Ignâcio Jozé Barretto, determinaram por votos o apuramento dos seguintes concorrentes:
Em primeiro lugar - “João Leal Moreira, Alferes da Companhia de Seu Pai o Capitão José Leal Moreira, pessoa da Nobreza desta Villa que tem de fundo Capital seis a sette mil cruzados e que vive no destrito da Companhia Vaga.
Em segundo lugar - “O Doutor Verissimo Joaquim Ferreira Soutto, pessoa da Nobreza desta Villa, Guarda-Mor de Saude deste destrito e que tem de fundo vinte mil cruzados e que vive nesta ditta Villa.
Em terceiro lugar - Gerónimo Jozé Franco, Alferes da Ordenança da Companhia do Capitão Antônio Correia de Britto Penteado, Escrivão do Almoxarifado da Fortaleza da Berlenga e que tem de fundo capital seis centos mil réis, e que também vive nesta Villa
7/12/1812 - Preenchimento do lugar vago deixado pelo Capitão José Leal Moreira, promovido ao posto de Sargento Mor agregado das mesmas Ordenanças:
Em primeiro lugar - O Bacharel Formado em Leis pella Univercidade de Coimbra e habellitado com a Leitura competente para os lugares de Letras, Francisco de Paula da Silva que por tanto hé Nobre, de muito bom procedimento e quanto abono, terá o milhor de vinte mil cruzados o que se passará a averiguar para se poder mostrar legalmente, e quanto a idade terá vinte oito annos ao que paresse e a Companhia o dirá.
Em segundo lugar - José Lucas Franco de Caria, Segundo Tenente da I.a Comp.͓ͣ D'Artilheiros da Ordenança desta Praça, de idade vinte annos ao que paresse, pessoa de primeira Nobreza, e de muito bom Comportamento, residente nesta Villa, e que terà de bens próprios como demostrarà mais competentemente o milhor de dez mil cruzados.
Em terceiro lugar - O Alferes desta mesma Companhia José Rodrigues Balea residente nesta Villa, de idade de cincoenta annos ao que paresse e que terá de bens próprios como igualmente se mostrará mais competentemente seis mil cruzados pouco mais ou menos e de muito bom comportamento.
Outros preenchimentos se seguiram, possivelmente até ao afastamento de Peniche, em 1834, do Regimento de Infantaria n° 13, a que serviu de quartel a Fortaleza de Peniche nos anos que decorreram de 1814 até a data da sua transferência.
Pela leitura de todos estes elementos é curioso verificar o critério seguido pelo Encarregado do Governo das Armas da Corte e Provincia da Estremadura, ao serviço da Corte. Ao que nos é dado a conhecer não lhe interessava o manejar as armas, das mais diversas classes até à arma branca, interessava, sim, ser nobre e ter bens e até outros elementos que não citei tais como o seu grau de cristandade ou mais concretamente “ de conhecida cristandade. (a esta condição faz referência o Alvará de 1709 as demais ordens da Corte).

quarta-feira, abril 29, 2009

Os Condes de Peniche

Por: Fernando Engenheiro
Conforme referi no número anterior, depois da morte no cadafalso, a 18/1/1759, do 11° Conde de Atouguia, D. Jerónimo de Ataíde, que havia herdado a Casa e o título de seu pai, o 10. Conde, D. Luis Peregrino de Ataíde casado com a Condessa D. Clara de Assis Mascarenhas, filha dos 2.os. Condes de Obidos, confirmado o seu titulo, por Carta de 3/9/1750, pelo Rei D. José I, foi extinto o Condado e todos os seus bens e acções entraram no poder da Coroa, conforme o estipulado no processo de acusação de cumplicidade no atentado contra a vida do referido soberano D. José I.
Sua esposa, que escapou ao patíbulo de Belém, foi enclausurada, por ordem do Conde de Oeiras, Sebastião José de Carvalho e Melo, no Convento de Sacavém.
Seus filhos, envolvidos no tremendo castigo que sofreu seu pai, deram entrada em casas de penitência e oração, separados de sua mãe.
Após o falecimento do Rei D. José I, ocorrido na Palácio da Ajuda em 24 de Fevereiro de 1777, e da destituição do Marquês de Pombal como Ministro todo poderoso, todos os familiares dos acusados do atentado contra o Rei foram postos em liberdade. No número destes estava incluído o filho mais velho do acusado Jerónimo de Ataíde, “Luís Francisco de Ataíde”
Depois da revisão do processo respeitante ao atentado em que o pal de D. Luis se viu envolvido, o Príncipe-Regente D. João perdoou, em 20/11/1800, a pena legal em que se achava incurso, reconhecendo-o como cidadão inocente, determinando que o Desembargo do Paço, assim o tivesse entendido e fizesse executar, declarando que, para viver com decência no seu novo estado de ar em diante, tinha dado providências por outra repartição.
Naquele tribunal não havia noticias de tal em 1822, nem no Erário, apesar de D. Luís Francisco de Ataíde, bem como seus dois irmãos que também estavam incluídos em todo o processo, terem direito, por dois Decretos de D. Maria I, a uma pensão no valor de 50$000 réis anuais.
Pelo Marquês de Ponte de Lima, então primeiro-ministro da Rainha, foi oferecida a D. Luís Francisco de Ataíde, a restituição da Casa de seu pai, com a condição de requerer à Rainha D. Maria I o perdão de pena legal que havia sido aplicada, mas este recusou a oferta por saber da inocência de seu pai na tentativa de regicidio, a qual fora reconhecida em “duas Juntas, uma de 8 ministros, outra de 13, com a excepção única de dois”.
Suprimida a sentença pelo Inquisidor-Geral e desaparecida, sem nunca se saber em concreto dos seus resultados, tão ocultos e estranhos, via má-fé nos conselheiros de El Rei ao quererem, a todo o custo, continuar a condenar inocentes. Quaisquer requerimentos que apresentaram em seu abono nunca tiveram deferimento.
Terminando aqui a minha referência ao Condado de Atouguia, vou aludir agora a um outro título nobiliárquico que envolveu o nome da nossa terra: o CONDE DE PENICHE.
Desconheço a razão da concessão do titulo do “CONDE DE PENICHE” dada aos “NORONHAS”, por Carta Régia de 6/12/1806, pelo Príncipe-Regente D. João, quando os herdeiros da Casa de Atouguia que, como donatários, inclura Peniche, ainda se encontravam em demandas com a Coroa para lhes ser restituído o que por Lei lhes pertencia.
Tudo nos parece um pouco contraditório, sem qualquer explicação.
Foi 1 . Conde de Peniche D. Caetano José de Noronha e Albuquerque, que nasceu a 29/8/1753 e morreu a 16/9/1829, filho dos 3.os. Marqueses de Angeja e 4.os Condes de Vila Verde.
Foi veador da Rainha D. Carlota Joaquina, conselheiro do Conselho da Fazenda (23/8/1782), Provedor das Capelas dos Reis D. Afonso IV e D. Brites, Chanceler da Casa das Rainhas e da Casa do Infantado, deputado da Sereníssima Casa de Bragança, da Junta do Tabaco, Governador e Capitão-mor do Algarve e um dos Governadores do Reino (1818). Era sócio honorário da Academia Real das Ciências, Grã-cruz das Ordens de Cristo e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e Comendador de Borba de Godim, na Ordem de Cristo (pelo casamento). Casou, em Junho de 1787, com D. Maria José Juliana Lourenço de Almeida Portugal, dama da Ordem de Santa Isabel, que morreu a 10/3/1824, filha de D. Manuel Caetano de Almeida, moço fidalgo da Casa-Real, Comendador de Borba de Godim, na Ordem de Cristo, e de sua mulher, D. Teresa de Jesus de Lencastre Xavier Botelho.
Foi 2° Conde D. Manuel de Almeida e Noronha, que nasceu a 27/12/1788 e morreu a 10/3/1824, filho dos 1.os Condes. Casou duas vezes: a primeira, a 11/4/1813, com D. Teresa Delfina Rita de São Paio, que nasceu em 1790 e morreu a 1/10/1814, filha dos 1.os Marqueses de São Paio (sem geração), a segunda, a 22/11/1816, com D. Isabel Teles da Silva, dama da Ordem de Santa Isabel, que nasceu em 1799 e morreu em 1862, filha dos 3.os Marqueses de Penalva (com geração).
“Sabe-se que este seu titulo, foi-lhe concedido, ainda em vida de seu pai, pelo D. João, Principe Regente, por carta de 13/10/1815) quando ainda continuavam as demandas entre D. Luis Francisco de Ataíde e a Coroa Real.”
- Foi 3 Conde de Peniche D. Caetano Gaspar de Almeida Noronha Portugal Camões de Albuquerque Moniz e Sousa, que foi também o 8. Marquês de Angeja. Casou a 30/2/1844, com D. Maria Antônia Raposo de Andrade e Sousa Alte Espargosa, filha de um tenente da Guarda Real dos Archeiros.
Das importantes actividades que exerceu ao longo da sua vida é de referir que assumiu a chefia de um grupo radical, em Lisboa, que ficou conhecido pela designação de “Penicheiros”, o qual se opunha à política económica e financeira governamental.
Vingando o movimento de 19 de Maio de 1870, ao qual estava intimamente ligado, o Marquês de Angeja e também Conde de Peniche passou a fazer parte dos Conselheiros da Corôa. Por decreto de 26 de Maio daquele ano foi nomeado Ministro das Obras Públicas.
Foi um dos principais lideres da movimentação insurrecional que ocorreu no período de 1867-1871, desde a organização do famoso comício de 24 de Março, no Campo de Santana, em Lisboa, que iniciou o processo que viria a culminar na revolta da Janeirinha (1 de Janeiro de 1868).
Foi depois representante destes fidalgos, de todos os títulos da Casa de Angeja e dos Viscondes de Andaluz e Barões da Conceição, além de Condes de Peniche, a 4. Condessa D. Maria Antónia de Almeida e Noronha, que nasceu a 26/3/1902, filha dos 11.os Condes de Vila Verde. Casou, a 16/4/1923, com Francisco Eduardo Fragoso de Sequeira de Azevedo Coutinho, Conde de Peniche pelo casamento, que nasceu na Ameixoeira a 22/3/1901.
Continuaram com o uso do titulo de Conde de Peniche por autorização de D. Manuel II no exílio, em 5/9/1932 (extensiva nos alvarás (um para cada cônjuge) do Conselho da Nobreza de 20/1/1948.
E filho primogénito dos anteriores D. João de Almeida e Noronha de Azevedo Coutinho, que nasceu em Lisboa a 17/4/1924. Casou com D. Maria José Pereira Leite Monteiro da Silva, filha do Dr. Albano Monteiro da Silva e de sua mulher D. Maria José Pereira Leite.
Usam as Armas dos Noronhas (plenas): Coroa de Marquês - Esquartelado: o primeiro e o quarto de prata, com cinco escudetes de azul em cruz. cada escudete carregado de cinco besantes do campo, bordadura de vermelho, carregada de sete castelos de ouro e por diferença um filete de negro sobreposto em banda; o segundo e o terceiro, com um castelo de ouro, aberto, iluminado e lavrado de azul, mantelado de prata, com dois leões afrontados de púrpura animados e lampassados de vermelho, bordadura composta de ouro e de veiros, de dezoito peças. - Timbre: um leão do escudo, nascente.
Peniche, Março de 2009.

terça-feira, março 31, 2009

O CONDADO DE ATOUGUIA E SEUS ANTECEDENTES V

Por: Fernando Engenheiro Confiscados todos os seus bens, demolido, pelo menos na sentença, o seu palácio de Lisboa, que não habitavam desde o terramoto, foi mandado picar o brasão dos Ataídes que vinha de tão distante tempo, altivo como um troféu bem ganho em mil trabalhos. Em Peniche foram picadas as armas dos Ataídes na Forta leza, no Baluarte, no Palácio e no Pelourinho (Livro de Contas do Concelho de Peniche de 1757/1760,a fls.26v.): “Despendeo António da Sylva pello mandado número septimo por elle assinado, o qual vay à linha e conta um pagamento que mandar fazer aos pedreiros que picar as Armas por ordem Regia que o Conde que foy de Atouguia tinha na Fortaleza, Baluarte, Palácio e Peloirinho desta villa, dois mil sete centos e quarenta reis Também em Atouguia o brasão no túmulo de D. Alvaro Gonçalves de Ataíde situado no interior da Igreja de S. Leonardo e no pelourinho, que fica no Largo de S. Leonardo, levaram o mesmo trato (curiosamente salvou-se um dos brasões do túmulo que na altura, provavelmente, se encontrava camuflado). Trata-se do brasão de armas que foi usado por estes fidalgos desde o primeiro ao último: de azul, com quatro bandas de prata, coroa de conde, timbre: uma onça saltante, banda de nove peças de azul e prata, lampassadas de vermelho. Embora se desconheça o respectivo alvará de concessão, sabe-se que era a familia “dos Ataídes” das mais distintas de Portugal, pois dela se formaram importantes casas e saíram esclarecidíssimos varões. No seguimento das despesas que a Câmara Municipal tomou por sua conta encontra-se registado no Livro de Contas do Concelho de Peniche de 1757/1760, a fls. 26-1759) o documento que passo a transcrever: “Despendeo mais o dito Procurador do Concelho por hordem sua com o caminheiro que da cabeça da comarca trouxe huma ordem e edital pello qual se fazia público que Sua Magestade ordenava que nenhuma pessoa uzasse mais dos appellidos de Távora e Ataíde - seis centos réis” Também quanto ao sequestre dos bens da familia Ataíde couberam a camara municipal outras despesas como se lê mais adiante: “Desnendeo mais o dito procurador do Concelho com a acistencia do escrivão da Câmara com lenha, agoa, louça, na apozentadoria do Doutor Provedor, quando veyo fazer sequestro, nas rendas, bens, e regalias de Dom Jerônimo de Atayde, aqui, na Atouguia, e Serra de El-Rei, em cuja deligência se demorou dez dias; com quem o servio e cozinhou na dita apozentadoria, limpeza do estanho e lavage das roupas, com tudo constou do rol do dito Procurador - cinco mil e noventa e cinco réis. A Fazenda Real não perdoou à Câmara Municipal o Jantar (a que no Foral se chamava colheita) valor que o Município pagava a Jerônimo de Ataíde anualmente, e que se compunha de cento e trinta e quatro alqueires de trigo, trezentos e trinta e seis alqueires de cevada, quarenta e oito almudes de vinho e três mil trezentos e vinte reis em dinheiro. Atouguia da Baleia, logo de seguida, viu a sua importância cair a pique. Por todo o Reino se sentiu excluída e os seus residentes de maior prestigio tentaram por todos os meios mudar as suas residências ou para a capital do reino ou, em ultimo caso, para Peniche. Lembro aqui as familias Delgados, Figueiras, Osórios, Fôios, Quaresmas, Correias, Penteados, Barretos, Quentais, Soares, Barrachos, e tantas outras que na vida pública ocuparam lugares de relevância. A Câmara Municipal de Peniche teve o cuidado de, em nome do seu povo, requerer ao Soberano a liberdade desta Vila, que tantos anos andou sujeita aos vexames com que a oprimiram alguns elementos da Casa de Atouguia por meios de pleitos injustos com que pretenderam retirar-lhe regalias e liberdades que lhe foram con cedidas pelos Senhores Reis deste Reino, mercês que tiveram principio no reinado de D. Manuel I. Para isso apresentou-se em Lisboa, uma comissão constituída por membros da Câmara Municipal a saber: Fabião de Carvalho Figueira, Verissimo Palhano Franco e o Doutor José Teodoro Ferreira Souto, para beijar as mãos a Sua Alteza Real o Senhor D. José I. Note-se que D. Jerônimo de Ataide, que foi o último Conde de Atouguia, casou, a 2 de Dezembro de 1747, com D. Mariana Bernarda de Távora, filha do Marquês Francisco de Assis de Távora e de sua mulher D. Leonor de Távora, tendo nascido a dita Mariana aos 24 de Dezembro de 1722. Diz-se que passava o mesmo D. Jerônimo de Ataíde por ser um homem de pouco talento e incapaz de empreender coisa alguma de maior consideração, grosseiro até à estupidez; todo o seu prazer consistia em consumir o seu tempo no jogo, na mesa, e no vinho. Não sendo susceptível de paixões violentas, o ódio e a vingança não tinham entrada em sua alma, dominada somente pela devassidão. Envolveu-se na conspiração sem verdadeiramente a conhecer, reputando-a mais como um negócio de família, em que o dever de parente o obrigava a tomar parte, do que por outras considerações. Sua esposa, que escapou ao cadafalso, é entregue pelo Desembargador João Pacheco, por ordem de Sebastião José de Carvalho, ao Convento de Sacavém, que lhe davam por prisão, deixando para sempre o seu filho Luis Francisco de Ataíde ainda de tenra idade. A prole da enclausurada deve ter sofrido amarguras. Perdeu-se para as grandezas no segredo das celas ou caiu no anonimato. Diz-se, porém, só Deus sabe se com verdade, que no ano de 1811, quando Massena invadiu Portugal, alguém o procurou no seu quartel. Apareceu-lhe um homem de rosto enrugado, com o fato em farrapos, acusando idade avançada. Contava que fora rico e tudo perdera porque a Casa de Bragança fora a sua herdeira. Ninguém diria que semelhante maltrapilho poderia oferecer ao marechal francês o pingue presente de um cinto cheio de ouro. Diante dos seus farrapos julgaram-no algum criminoso que tivesse assaltado qualquer solar, mas não compreendiam porque entregava aquela quantia aos inimigos da sua Pátria. Ele explicou a origem de tanto dinheiro antes de falar da sua. Ganhara-o ao jogo, porque era dotado de uma sorte infernal; as cartas favoreciam-no como se tivesse pacto com o diabo. E riria muito o desgraçado que, possuindo uma fortuna, preferia o trajo roto e imundo, o cabelo desgrenhado, o barrete vil, às vestes de gala, à cabeleira encalamistrada, a algum chapéu de bom-tom. Fizeram-lho sentir; e ele, com a risada escarninha, declarava não renunciar a adquirir um fato de belo corte para o luzir no dia do seu casamento em França, pois já não abandonaria o exercito do imperador, seu amado, porque desejava destronar os Braganças. Sim. Acompanhà-los-ia, com sua sorte ao jogo e o seu proposito de casar com a primeira comborça que encontrasse, a fim de evitar mais o sangue brigantino que devia existir nas suas veias. Sòó então disse ser D. Luis Francisco de Ataíde, filho do Conde de Atouguia e neto dos Távoras, justiçados em Belém, cujos bens tinham passado ao erário real. Como disse, só Deus sabe se esta história tem algo de verdadeiro. Uma década antes de D. Luis Francisco de Ataíde se ter oferecido ao comandante das tropas francesas, mais propriamente a 20/11/1800, o Principe Regente D. João (D. João VI), perdoou a pena legal em que se achava incurso aquele fidalgo e seus dois irmãos, filhos do 11. Conde (pelo processo de 1759), reconhecendo-os como cidadãos inocentes, determinando que o Desembargo do Paço assim o tivesse entendido e fizesse executar, declarando que, para poderem viver com decência no seu novo estado de aí em diante, tinha dado providências por outra repartição. Naquele tribunal não havia noticia de tal em 1822, nem no Erário, apesar de D. Luis e seus irmãos terem concessão, por dois Decretos de D. Maria I, da importância de 50$000 réis anuais. Pelo Marquês de Ponte de Lima, então primeiro-ministro da Rainha, foi oferecida a D. Luís de Ataide a restituição da Casa de seu pai com a condição de requerer à Rainha D. Maria I o perdão da pena legal, mas este recusou a oferta por saber da inocência de seu pai na tentativa de regicidio. Tudo leva a crer que houve má-fé por parte dos conselheiros da Corte na época que, possivelmente por um modo aleivoso, queriam condenar inocentes, atendendo a que os seus requeri mentos nunca tiveram deferimento nem qualquer andamento. Ainda falando do terrível castigo que todos esses fidalgos tiveram com uma sentença que na época causou brado refira-se que, mesmo passados muitos anos ela continuou a ser discutida, comentando-se a crueldade do castigo. Por seu lado, os jesuítas foram também implicados no atentado, o que acabou por resultar na expulsão do Reino da Companhia de Jesus. Hoje, parece evidente que os excessos cometidos tinham como finalidade aterrorizar a grande nobreza e mostrar a toda a Nação que a autoridade do Estado não admitia contestação. De um só golpe eliminavam-se todos os opositores ao regime. Porém, uma dúvida persiste: Quem ordenou esta violentissima repressão? Seria Pombal, como a maioria das pessoas da época acreditava? Ou será que o ministro disse a verdade, sendo afinal o responsável último D. José, um rei aparentemente fraco e desinteressado dos assuntos de Estado? Com a morte dos dois nunca haverá certeza absoluta, ficando a questão entregue às especulações dos historiadores. A representação da ilustre Casa dos Ataídes, Condes de Atouguia, passou para a dos Condes da Ribeira Grande, embora tenha sido extinto o condado. NOTA: A gravura que acompanha este texto corresponde ao brazão dos Condes de Atouguia. No trabalho publicado no número anterior inserimos duas gravuras sem qualquer legenda. Trata-se do padrão ainda hoje existente em Lisboa, em Belém, que assinala o local do patíbulo dos Távoras e seus familiares. Com foram edifica das construções em seu redor não é facilmente visível. Encontra-se nas traseiras da pastelaria que confecciona os conhecidos “Pastéis de Belém

quinta-feira, março 26, 2009

MABOR PORTUGAL

Fábrica de Pneus Mabor, Portugal

Galeria de Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

http://www.flickr.com/photos/biblarte/

Fotografia sem data. Produzida durante a actividade do Estúdio Mário Novais: 1933-1983.

PUBLICIDADE NOS ESTADOS UNIDOS 1945

General Tire (1945) Holcomb

quarta-feira, março 25, 2009

A MUSICA é UNIVERSAL

Se a fé move as montanhas, então fé na música, que tem o poder de mover as mentalidades.
Desenho de: Alessandro Gatto http://www.alessandrogatto.com/

segunda-feira, março 23, 2009

Gentes do Mar



domingo, março 22, 2009

Gentes do Mar



sábado, março 21, 2009

Gentes do Mar (XII)



sexta-feira, março 20, 2009

O CONDADO DE ATOUGUIA E SEUS ANTECEDENTES (IV)

Por: Fernando Engenheiro
Foi 11° Conde de Atouguia D. Jerônimo de Carvalho Menezes de Ataíde, sucessor de seu pai D. Lurs Pedro Peregrino de Carvalho Menezes de Ataide.
Foi “Senhor Donatário das villas de Atouguia, e da de Peniche, Alcayde Mor dellas, Senhor das villas de Vinhais, Monforte, Passo, Lomba, Villar Seco, Carvalho e Sernache; Comendador das Comendas de Santa Maria de Adai Villa Velha de Rodão, da Ordem de Christo, e da de Santa Maria de Olivença, de São Bento de Aviz e Governador da villa e Praça de Peniche”.
o titulo foi-Ihe confirmado por Carta no reinado de D. José a 3/9/1750. Casou com D. Mariana Bernarda de Távora, filha dos 3.os Marqueses de Távora.
Foram grandes os problemas que a Câmara Municipal de Peniche teve com este lustre fidalgo relacionados com os terrenos designados por “Reguengo” (que iam de norte a sul da península da Camboa até à Ribeira) doados ao povo de Peniche no ano de 1506, doação confirmada aquando da re formação do Foral pelo Rei D. Manuel I, terrenos que ficaram a pertencer ao seu povo, o que o dito Conde nunca aceitou por bem por entender fazerem parte da Casa de Atouguia, como Donatario de Peniche.
Foi durante o seu Condado que se deu o trágico terramoto ocorrido a 1 de Novembro de 1755 que assolou grande parte do nosso País. Embora se ten da a circunscrever os seus efeitos à Lisboa, Capital do Reino, na realidade o terra- moto, com maior ou menor intensidade, fez-se sentir
em todo o territorio continental e o sofrimento e a dor espalharam-se por todo o Pais.
O seu palácio designado por “Palácio dos Condes de Atouguia”, o do “Duque de Aveiro”, o dos “Alornas” e o dos “Povolides”, seus parentes, arderam, o que lhes provocou enormes prejuízos materiais. Mas os danos que sofreu não ficaram por aqui: Faleceram:
Francisco Luís da Cunha e Ataíde, Desembargador do Paço e Chanceler, que tinha mais de 90 anos, Pedro de Melo Paz de Ataíde, Secretário da Guerra e Manuel Varejão de Távora, Deão da Sé de Elvas e Inquisidor de Lisboa.
A Câmara Municipal de Peniche quis manifestar-lhe o seu desgosto, conforme documento registado no Livro de Despesas de 1738/1775, a fls. 40v., onde se lê:
“Acharão mais havia despendido com hum próprio que mandaram a Lisboa levar huma carta de pezames que escreverão ao Conde de Atouguia pelas mortes ocorridas - mil e duzentos réis - 1$200”. Porque se temia sempre a repetição do terramoto, passaram a viver na Junqueira em barracas, junto do palácio dos Ribeiras, além dos Tàvoras, os Condes de Atouguia, já que a Condessa, D. Mariana Bernarda de Távora, era filha daqueles grandes e prestigiados fidalgos.
Cessaram por esta época os passatempos favoritos dos fidalgos: “tourear”. Segundo as crônicas de César da Silva, surpreendia muita gente com as suas lides nas arenas de Salvaterra.
o seu Condado durou muitos poucos anos. Terminou de forma trágica com a sua morte, provocada pela maldade dos homens em bárbaro suplicio no cadafalso em Belém a 13/1/1759.
Passo a explicar as origens deste acontecimento de triste memória:
A alta fidalguia não via com bons olhos o primeiro ministro do reinado de D. José, a quem o Rei dera todos os poderes para orientar a vida da Nação permitindo-lhe imiscuir-se na vida particular de certas familias nobres, como pessoa destituída de certa dignidade que o tomasse respeitado no lugar que ocupava. o povo vivia aterrado, o clero e a nobreza perseguidos pelo aguilhão mordaz de Sebastião José de Carvalho e Melo e assim cerravam fileiras em legitima defesa, enquanto o Rei, de espirito brando, se entretinha em devaneios amorosos nas redondezas do Paço. D. José tinha casado, com 15 anos apenas, com D. Maria Ana Vitória de Bourbon, filha de Filipe V de Espanha, enlace que seria penhor de garantia de uma paz desejada e duradoira entre Espanha e Portugal. Porém, a predilecção amorosa do então jovem Príncipe fora despertada no seu coração pela interessante D. Teresa de Távora e Lorena, nove anos mais nova do que D. José, fidalga de sangue real, onde a mocidade radiante concorria para que tivesse surgido aquele grande amor, apesar do Rei já se encontrar casado.
Os Távoras não simpatizavam com Sebastião José, não só por este odiar a nobreza como possivelmente por ser neto do padre Sebastião da Mata Escura e da preta escrava Martha Fernandes.
Por razões diversas, D. José de Mascarenhas, Duque de Aveiro, não via com bons olhos o facto do Rei ter relações amorosas com sua cunhada. Possivelmente seria essa uma das razões que teria levado este titular a procurar meios para atentar contra a vida do Soberano que vinha enxovalhando o nome honrado daquela família.
Também havia uma razão para aniquilar o Rei: era a maneira mais certa para destituir do poder Sebastião José de Carvalho e Melo. Assim a alta fidalguia voltava a dispor do poder e influência de antigamente.
No entanto chegou a admitir-se que o Rei D. José acabou sendo vítima de um atentado premeditado apenas contra a vida de Pedro Teixeira, homem de baixos sentimentos, que acompanhava o monarca nas suas andanças amorosas.
O certo é que numa noite escura, de 3 para 4 de Setembro de 1758, recolhia ao seu palácio de madeira, situado então no Alto da Ajuda, o Rei D. José, na sua sege, na companhia do seu confidente Pedro Teixeira. Súbito próximo à saída do Arco de Alcolena, e depois de dobrada a esquina da Quinta do Melo, ouviu-se um tiro de bacamarte ou de carabina, o que levou o cocheiro da mencionada sege a picar o gado a toda a pressa, ao dar-se conta de que devia tratar-se de um atentado contra alguém. Parece ter chovido metralha sobre o alvo, apesar da sege ir a grande velocidade, o que não evitou que o Rei tivesse ficado ferido num braço. Foi então que o cocheiro recebeu ordens para se dirigir à Junqueira, onde morava o cirurgião-mor do reino, António Soares Brandão, a fim do Soberano se sujeitar aos primeiros socorros.
O País inteiro teve conhecimento da ocorrência, de que o Rei sofrera um atentado contra a sua vida e que se encontrava recolhido no seu palácio de cama a restabelecer-se dos ferimentos.
A Câmara Municipal de Peniche, ao ter conhecimento do trágico incidente, quis associar-se às manifestações publicas que expressavam votos pelas melhoras do Soberano com celebrações litúrgicas, conforme documentos existentes que posse transcrever:
“Acharão mais os ditos officiais da Câmara haver despendido o Procurador António da Sylva com o Sindico dos Religiosos do nosso Convento pello sermão que mandarão pregar em Nossa Senhora dos Remédios em acção de graças pella saúde do nosso Rey mil e seiscentos réis” (Livro de contas do Concelho de Peniche, de 1757/1 760, fls. 29)
“Acharão mais os ditos officiais da Câmara haver des- pendido o Procurador do Concelho por ordem sua e pelo mandado vigessimo septimo quatro mil e sete centos e vinte réis que tantos mereceo a musica que fez ajudar a cantar na missa que em acção de graças pella saude do nosso Monarcha mandarão celebrar na Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, entrando na dita quantia mil e seis centos réis com que attendemos à cera que se gastou’ de contas do Concelho de Peniche, de 1757/1760, fls. 29 v.).
Sebastião José de Carvalho e Melo terá aproveitado aquela oportunidade para aniquilar uma das mais nobres e poderosas famílias de Portugal. O seu espirito sanguinário ficou largamente demonstrado em outros actos que praticou como sucedeu quando do incêndio da Trafaria, do das cabanas de Monte Gordo e até do esquartejamento do corpo, em vida, de D. João Batista Pele (O Perfil do Marquês de Pombal, por Camilo Castelo Branco, 2°. edição, pág. 93).
Depois de algum tempo de silêncio, com recurso a testemunhas e intercepção de correspondência, foi-se fazendo luz sobre a tentativa de regicidio, seus autores e instigadores, nos quais sobressaem D. José de Mascarenhas, Duque de Aveiro, seu cunhado Francisco de Assis, Marquês “Velho” de Távora, e a mulher deste D. Leonor.
O mistério que cobria as investigações é rompido na madrugada de 13 de Dezembro quando a tropa prende o Duque de Aveiro, os Marqueses de Távora e de Alorna, os Condes de Atouguia, de Óbidos e da Ribeira Grande, e vários criados dos titulares.
Sob tortura, o Duque de Aveiro começa por atribuir a autoria do crime aos Távoras, que teriam actuado em defesa da honra da família. Quanto à sua participação, diz ter agido por vingança, motivado por injustiças de que teria sido alvo por parte do Rei. E confessa que a ideia do atentado foi sugerida por padres jesuítas, inimigos de Carvalho e Melo.
Sob tortura todos os acusados se incriminaram a si, aos seus e aos jesuítas, com excepção do Marquês de Távora e seu filho mais novo, D. José Maria. Dona Leonor, apontada como “uma das três cabeças da maquinação”, nem foi ouvida mas sofreu o mesmo destino que os restantes.
Ao amanhecer de 13 de Janeiro de 1759, num patíbulo erguido para o efeito, em Belém, iniciava-se um espectáculo macabro. Perante a assistência do povo foi degolada Dona Leonor de Távora; em seguida foram executados seus filhos, José Maria e Luis Bernardo, o Conde de Atouguia, D.Jerônimo de Carvalho Menezes de Ataíde, dois cúmplices plebeus, Manuel Ferreira e Braz Romeiro, D. Francisco de Távora e D. José de Mascarenhas e o seu criado João Miguel.
Os condenados foram amarrados a uma armação em for-ma de cruz e, antes de serem asfixiados pelo garrote, eram lhes quebrados os ossos dos braços e das pernas com uma maça de ferro. O outro criado, Antônio Ferreira, foi amarrado a um poste e queimado vivo, enquanto ao lado era queimada a estátua de José Policarpo, o único que escapou à prisão.
Para melhor conhecimento transcrevo na integra a sentença dada ao Conde de Atouguia, D. Jerônimo de Ataide extraído do processo arquivado no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, constituído por 66 páginas:
“Meterão nesta infanme conjuraçam e precipitavão neste sacrilégio e barbaro delito, foi o Conde de Atouguia Dom Jerônimo de Atayde, genro dos sobreditos Marqueses, Francisco de Assis e Donna Leonor de Távora; o quai se prova que quazi todas as noites concorria com a Condeça, sua mulher nas sediciozas e abominaveis práticas que se tinhão na caza dos Marquezes seus sogros. Prova-se que nas mesmas práticas foy pruvertido pella dita sua sogra até ao ponto de seguir em tudo e por tudo os aboninaveis dictames da dita Marqueza sua sogra, e as detestáveis doutrinas dos Religiosos Jesuítas inspiradas por Gabriel Malagrita, João de Mattos, e João Alexandre; e de cobrar uma grande aversão à Real pessoa, caofelix governo de El-Rei nosso Senhor; Prova-se que por isso concorreo com oito moedas para o indignissimo prémio dos Assassinos que dispararão os sacrilegios tiros, e que entrava com os Jesuitas Malagrita, Joâo de Mattos, João Alexandre, nesta conjuração. Provando-se finalmente que este Reo foy socio nas esperas que se fizerão a Sua Magestade na mesma infaustissima noite de tres de Setembro do anno próximo passado, e que por isto a Condessa sua mulher se achou na factura e desordenada junta, ou assemblea depravantes que na manhã próxima seguinte ao insulto, se teve na forma assima declarada, nas cazas do Duque de Aveiro, citas no lugar de Belém.”
Depois de cumpridas as formalidades que proferiu a Su- prema Junta da Inconfidência, procedeu a sentença definitiva contra o réu Jerônimo de Ata que foi Conde de Atouguia, nos seguintes termos:
“Condennação a que com baraço e pregão, seja levado ao cadafalço, que foi erigido para estas execuçoens; no qual depois de haver sido estrangulado e de se lhe haverem sucessivamente rompido as canas dos braços, e das pernas, será também rodado; e o seu corpo feito por fogo em pô, e lançado ao mar; e o condena outro si em confiscação e perdimento de todos os seus bens para o Fisco e Camara Real; e ainda os que forem de vinculo, constituhidos com bens da coroa na forma acima declarada, ou ainda prazos; além da infamia em que hão por incursos seus filhos, e netos; de lhe serem demulidas arrazadas, e salgadas as casas da sua habitação sendo próprias, e de se derribarem e picarem todas as armas, e escudos daqueles que as tiverem tido até agora.”
Espectáculo horripilante, realizado para prestigio de Sebastião José de Carvalho, que se converteu numa das páginas mais negras da nossa história. Ainda hoje sentimos repulsa por tão bárbaro procedimento praticado com todos os requintes de desumanidade.
(Continua no próximo número)