Diz Augusto Barbosa de Pinho Leal, no seu livro histórico “Portugal Antigo e Moderno, publicado em 1875, (Vol. 6 pàg.s 617 a 654) sobre Peniche, por informações fornecidas pelo sócio da firma editora desta obra, Henrique de Araújo Tavares, com residência fixa em Peniche, proprietário e comerciante, figura de grande prestigio, sobre esta capela o seguinte: “Foi a primeira igreja cristã de Peniche e consta que foi mesquita mourisca (depois de ser templo gótico) e que D. Afonso Henriques a mandou purificar em 1150. Estando muito arruinada mudou-se o Santíssimo para a da Ajuda (que até então era uma capela) pelos anos de 1550).
Na mesma informação ainda relata o seguinte: “Parece que a primitiva paroquial era a Igreja de S. Vicente, ao pé do Baluarte deste nome e da actual Igreja da Ajuda, e da qual ainda existem ruínas,
de paredes muito grossas e com mais de dois metros de altura em partes”.
Depois de consultar alguns elementos, em especial sobre a vida do orago desta capela, constatei que S. Vicente nasceu em Espanha (Valência) em 1350 e faleceu em Vannes ( França) em 1419, que a sua canonização se verificou, com a presença do Papa Calixto III, em 1455, e que a Bula de concessão foi expedida 2 anos depois, jâ pelo Papa Pio II.
Não ponho de parte a existência daquele pequeno templo antes da nacionalidade portuguesa e a sua purificação a partir do rei conquistador, mas com outro patrono, não se sabendo qual o santo escolhido. Isto considerando que a canonização de S. Vicente Ferrer só teve lugar em 1455 e que, possivelmente, o seu lugar neste espaço sagrado lhe terá sido destinado algum tempo depois de subir aos altares.
Na mesma informação ainda relata o seguinte: “Parece que a primitiva paroquial era a Igreja de S. Vicente, ao pé do Baluarte deste nome e da actual Igreja da Ajuda, e da qual ainda existem ruínas,
de paredes muito grossas e com mais de dois metros de altura em partes”.
Depois de consultar alguns elementos, em especial sobre a vida do orago desta capela, constatei que S. Vicente nasceu em Espanha (Valência) em 1350 e faleceu em Vannes ( França) em 1419, que a sua canonização se verificou, com a presença do Papa Calixto III, em 1455, e que a Bula de concessão foi expedida 2 anos depois, jâ pelo Papa Pio II.
Não ponho de parte a existência daquele pequeno templo antes da nacionalidade portuguesa e a sua purificação a partir do rei conquistador, mas com outro patrono, não se sabendo qual o santo escolhido. Isto considerando que a canonização de S. Vicente Ferrer só teve lugar em 1455 e que, possivelmente, o seu lugar neste espaço sagrado lhe terá sido destinado algum tempo depois de subir aos altares.
Com a construção da Paroquial de Nossa Senhora de Ajuda, cujo início data de 1505, e porque durante aquele século as outras paroquiais se edificaram, naquele pequeno tempo não se terão celebrado grandes actos litúrgicos, já que o seu espaço não satisfazia a afluência dos fiéis.
Ainda com referência ao templo de Nossa Senhora da Ajuda, se dizia em 1560: “Jâ aos moradores da chamada Ribeira de Peniche era custozo acommodarem-se nesta Igreja; e hú só Parocho não bastava a tanto Povo’.
Foi esta Capela lugar de oração por longos anos aos pés da Virgem dos Remédios, protectora de todos os males dos fiéis que aqui se deslocavam em grandes romarias, os “Círios” que chegaram aos nossos dias.
Era costume na época haver periodicamente uma visita aos templos, sendo encarregado de exercer essa funções nesta área, o prior da Paroquial Igreja de Santiago da Vila de Torres Vedras, que também era Vigário da Vara.
Numa das visitas que fez a Peniche, que ficou registado no Livro de Visitações de 1621/1667, fls. 26 v., de 2 de Abril de 1631 , lê-se o seguinte:
‘Pela grande indecência com que está a ermida do bem aventurado S. Vicente por falta de não ter portas, encomendo muito particularmente, aos oficiais da dita confraria, que com toda a brevidade possível, mandem fazer umas portas para a dita ermida, e não lhes mando isto, com penas por ficar do seu zelo, que ainda o farão melhor do que aqui se lhe manda
Não foram cumpridas as obrigações estipuladas e, a partir daqui, foi o começo da ruína total.
Pouco tempo se passou sem que todo o seu espólio, incluindo as imagens tivessem de ir para lugar mais seguro, tendo sido escolhida a Paroquial de Peniche de Cima.
Num documento, ainda de 1655, se diz que, por imposição do Padre Cura, o ermitão era obrigado a zelar pelos transeuntes que acompanhavam os Círios, . sob pena de condenação em quatro mil réis (ermitão), não deixar dormir na igreja (Ajuda) e na ermida (S. Vicente) fechando as portas à noite e abrindo de manhã.
Passo a transcrever o documento do Livro de Visitações de 1621/1667, fls. 42 v., de 21/6/1 655:
«Foi advertido da indecência com que foi tirada a Virgem de Nossa Senhora dos Remédios, sendo sob pena de excomunhão. Se não tire a dita Virgem fora da igreja, sem ordem do Rev. Vigário da Vara, do mesmo se guardará nas outras imagens, para efeito de se evitar indecências, o ermitão desta igreja, seja advertido, não consinta com a indecência na ermida que está junto desta igreja e quando vier gente de romaria aqui a esta ermida, como desta igreja, há os efeitos e resguardo conveniente, e o Padre Cura tem grande cuidado destas coisas».
É natural que dentro destas datas a imagem fosse trasladada para a capela de Vera Cruz, hoje denominada de Nossa Senhora dos Remédios.
Na época pouca importância deram ao valor histórico que aquele padrão poderia ter como base do culto cristão por estas bandas, o que hoje ajudaria muito a compreender os seus primeiros habitantes.
Sem qualquer conservação, abandonado o pequeno templo ao sabor das intempéries, o terramoto de 1 de Novembro de 1775 arrasou-o por completo.
Ainda na década de 70 do século passado eram bem visíveis, antes da urbanização do actual jardim, vestígios dos alicerces com a ocupação de 105 metros quadrados (no caminho que se dirigia às traseiras da Igreja de Nossa Senhora de Ajuda — no seguimento do actual muro de vedação de propriedade particular). Tudo nos leva a crer ter sido ah a capela, salvo melhor opiniào.
A Veneranda Imagem de São Vicente, colocada lado a lado com a de São Pedro Gonçalves Telmo, em capela própria na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, passou a fazer parte da extinta Associação de Socorros Mútuos do Montepio do Corpo Santo, bem como a de Nossa Senhora da Boa Viagem e a do Orago da capela.
Refiro ainda que das obrigações da Irmandade do Corpo Santo fazia parte a celebração de uma missa de 3 padres com o Santíssimo Exposto, no dia de S. Vicente, anualmente a vinte e dois de Janeiro.
Ainda com referência ao templo de Nossa Senhora da Ajuda, se dizia em 1560: “Jâ aos moradores da chamada Ribeira de Peniche era custozo acommodarem-se nesta Igreja; e hú só Parocho não bastava a tanto Povo’.
Foi esta Capela lugar de oração por longos anos aos pés da Virgem dos Remédios, protectora de todos os males dos fiéis que aqui se deslocavam em grandes romarias, os “Círios” que chegaram aos nossos dias.
Era costume na época haver periodicamente uma visita aos templos, sendo encarregado de exercer essa funções nesta área, o prior da Paroquial Igreja de Santiago da Vila de Torres Vedras, que também era Vigário da Vara.
Numa das visitas que fez a Peniche, que ficou registado no Livro de Visitações de 1621/1667, fls. 26 v., de 2 de Abril de 1631 , lê-se o seguinte:
‘Pela grande indecência com que está a ermida do bem aventurado S. Vicente por falta de não ter portas, encomendo muito particularmente, aos oficiais da dita confraria, que com toda a brevidade possível, mandem fazer umas portas para a dita ermida, e não lhes mando isto, com penas por ficar do seu zelo, que ainda o farão melhor do que aqui se lhe manda
Não foram cumpridas as obrigações estipuladas e, a partir daqui, foi o começo da ruína total.
Pouco tempo se passou sem que todo o seu espólio, incluindo as imagens tivessem de ir para lugar mais seguro, tendo sido escolhida a Paroquial de Peniche de Cima.
Num documento, ainda de 1655, se diz que, por imposição do Padre Cura, o ermitão era obrigado a zelar pelos transeuntes que acompanhavam os Círios, . sob pena de condenação em quatro mil réis (ermitão), não deixar dormir na igreja (Ajuda) e na ermida (S. Vicente) fechando as portas à noite e abrindo de manhã.
Passo a transcrever o documento do Livro de Visitações de 1621/1667, fls. 42 v., de 21/6/1 655:
«Foi advertido da indecência com que foi tirada a Virgem de Nossa Senhora dos Remédios, sendo sob pena de excomunhão. Se não tire a dita Virgem fora da igreja, sem ordem do Rev. Vigário da Vara, do mesmo se guardará nas outras imagens, para efeito de se evitar indecências, o ermitão desta igreja, seja advertido, não consinta com a indecência na ermida que está junto desta igreja e quando vier gente de romaria aqui a esta ermida, como desta igreja, há os efeitos e resguardo conveniente, e o Padre Cura tem grande cuidado destas coisas».
É natural que dentro destas datas a imagem fosse trasladada para a capela de Vera Cruz, hoje denominada de Nossa Senhora dos Remédios.
Na época pouca importância deram ao valor histórico que aquele padrão poderia ter como base do culto cristão por estas bandas, o que hoje ajudaria muito a compreender os seus primeiros habitantes.
Sem qualquer conservação, abandonado o pequeno templo ao sabor das intempéries, o terramoto de 1 de Novembro de 1775 arrasou-o por completo.
Ainda na década de 70 do século passado eram bem visíveis, antes da urbanização do actual jardim, vestígios dos alicerces com a ocupação de 105 metros quadrados (no caminho que se dirigia às traseiras da Igreja de Nossa Senhora de Ajuda — no seguimento do actual muro de vedação de propriedade particular). Tudo nos leva a crer ter sido ah a capela, salvo melhor opiniào.
A Veneranda Imagem de São Vicente, colocada lado a lado com a de São Pedro Gonçalves Telmo, em capela própria na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, passou a fazer parte da extinta Associação de Socorros Mútuos do Montepio do Corpo Santo, bem como a de Nossa Senhora da Boa Viagem e a do Orago da capela.
Refiro ainda que das obrigações da Irmandade do Corpo Santo fazia parte a celebração de uma missa de 3 padres com o Santíssimo Exposto, no dia de S. Vicente, anualmente a vinte e dois de Janeiro.
2 comentários:
boa noite,
sabe se este Henrique de Araújo Tavares tem alguma ligação aos Godinho Tavares, que também refere nesta página?
Interessa-me sobretudo a origem de D. Balbina da Purificação (ou sua irmã...) - casada com Luis freire de andrade. Sabe o nome dos pais?
Eu sou descendente da senhora Balbina da purificação Godinha Tavares Freire de Andrade. Ela era filha do senhor Henrique de Araújo Tavares e de sua esposa d. Julia de Araújo Tavares. Se e permite perguntar, para que precisa destas informações?
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