quinta-feira, abril 24, 2014

Soldados Da Paz com Sede em Peniche Parte X (Década de 1990 a 1999

Texto:Fernando Engenheiro 
ANO DE 1998
Foi no principio deste ano, mais propriamente a 17 de Janeiro, que teve lugar no Quartel dos BVP a cerimonia da tomada de posse de dois elementos desta corporação. Assim, foram empossados os chefes Vítor Pedro de Almeida Gonçalves Pereira e Carlos Alberto Remigio Garcia, respectivamente nos cargos de segundo comandante e ajudante de comando. Estiveram representadas a edilidade camarária, bem corno as mais diversas entidades concelhias civis e militares, além de representantes com ligações directas aos bombeiros portugueses. Os empossados, conscientes das suas novas atribuições, tornaram em consideração as referências elogiosas sabendo que, a partir daquele momento, lhes caiam novas responsabilidades. Também passados alguns dias, após 14 anos de desempenho das funções de conselheiro regional dos Bombeiros de Lisboa e Vale do Tejo, o comandante desta associação, Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, foi nomeado conselheiro superior dos Bombeiros Voluntários. Com esta nova nomeação, no topo dos órgãos que voluntariamente servem a causa dos bombeiros, ficara cumprida uma missão da qual bem se pode orgulhar.
Ao longo do ano de 1998, recordamos o aniversario festejado no dia 21 de Junho, que comemorou no dia 16 do referido mês, 69 anos da sua fundação. Teve como programa as cerimonias religiosas habituais, presididas pelo capelão da instituição humanitária, Pe. José Luís Guerreiro.
Foi prestada homenagem no Cemitério Municipal de Santana, tendo sido deposta uma palma de flores na campa que simboliza o bombeiro, cujo acto foi executado pelo presidente de Câmara Municipal, presidente da direcção e comandante.
Também o presidente da Junta de Freguesia de Serra de El-rei colocou uma palma de flores na campa da bombeira falecida em serviço em Agosto de 1996, Amélia Alexandre, quando prestava serviço na secção destacada naquela sede de freguesia. No salão de festas deu-se inicio a sessão solene que decorreu em ambiente festivo, a que assistiram bombeiros e seus familiares. No final foi servido um almoço volante no parque de viaturas do quartel. Meses mais tarde, a 4 de Outubro, realizou-se no salão nobre dos Paços do Concelho, uma reunião extraordinária onde foi efectuada a cerimonia da entrega da medalha de benen1e-réncia da Câmara Municipal, a titulo póstumo, a José António da Lídia Belo, tendo recebido a medalha das mãos do presidente da Câmara Municipal, Jorge Gonçalves, a viúva do benemérito, Lucília da Silva Salvador Belo.
Participaram na efeméride em representação da Associação dos Bombeiros Voluntários de Peniche e a convite da Câmara Municipal, Júlio Alberto São Bento Correia e Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, respectivamente, presidente da direcção e comandante da instituição.
Também no decorrer deste mês, no dia 18, realizou-se no Quartel dos BVP, uma cerimónia com o objectivo de serem efectuadas promoções a 35 bombeiros, após a prestação de provas com aproveitamento decorridas oportunamente. Deste modo, foram promovidos a subchefe, o bombeiro de 1° classe, António Sousinha Brás; a bombeiros de 1° classe, os seguintes bombeiros de 2° classe: José Antunes Alexandre, Nuno Miguel Leitão, Carlos Manuel Resende, Alexandre Miguel Barradas, José António Rodrigues e Rui Pedro Gomes. A bombeiros de 2° classe, os seguintes bombeiros de 3°classe: Rui Manuel Nobre, Rui Filipe Duarte, Carlos Manuel Marques, António Augusto Pinheiro, Eddy Leal Dias, Carlos Manuel Santos, Luís Miguel Florindo, David José Serafim, Nuno Alexandre Domingos, Telmo Filipe Moldes, Rui Alexandre Petinga, Rogério Paulo Henriques, António Manuel Viola, Paulo Jorge Pinho, João Carlos Fortunato e Susana Luísa Leal. A bombeiros de 3° classe: Bruno Alexandre Fortunato, Luís António Sousa, António Paulo Novo, Sandra Paula Pereira, Lucília Maria Henriques, Augusto José Costa, Nuno Luís Monteiro, Marco José Figueiras, Nuno Filipe Oliveira, Ana Rita Fernandes, Teresa Isabel Caetano e Ana Filipa Machado. A seu pedido e por reunir as condições necessárias, passa do Quadro Honorário ao Quadro Activo, o bombeiro de la. classe Paulo Fernando Leitão. Após este acto, que decorreu com muita ordem, seguiu-se uma série de intervenções em que foram oradores o comandante da corporação, o comandante da Zona Operacional, Sales Henriques, o representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, Carlos Baptista, o presidente da Câmara Municipal, Jorge Gonçalves, que teceram algumas considerações elogiosas aos bombeiros pela sua dedicação a uma causa tão nobre, ao serviço do nosso concelho e do pais, quando chamados a intervir em situações de sinistros. Terminada a cerimonia teve lugar um almoço convívio onde confraternizaram bombeiros, convidados e dirigentes.
ANO DE 1999
Peniche e seu concelho estiveram em festa no dia 13 de Março de 1999 e não era caso para menos. Em pouco mais de três anos, a um sábado, é concretizado o grande sonho da associação para esta cidade e seu concelho. Naquela tarde procedeu-se a cerimonia do arrear das bandeiras do antigo quartel, pelo comandante em exercício Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, pelo graduado mais antigo Joaquim Rogério e pelo presidente da direcção Júlio Alberto São Bento Correia. Já pela tarde fora, com a presença do Presidente da Republica, Jorge Sampaio, acompanhado por altas personalidades civis e militares, entre as quais se encontrava o secretario do Estado da Administração Interna, Armando Vara, foi inaugurado o novo quartel, acto que se seguiu uma sessão solene.
Esta obra, iniciada a 3 de Maio de 1996 e concluída pouco tempo antes da sua inauguração, foi participada pela Câmara Municipal, por fundos estatais e população, esta última que deu a sua comparticipação 9.950.677$00 (até ao fim do ano de 1998). Desta verba, recordo aqui o exemplo da Escola Secundária de Peniche, dos seus alunos de Religião e Moral, com a entrega aos BVP para ajuda das obras do novo quartel ou para seu equipamento, da importância de 601.000$00.
Ao nível de quartéis de bombeiros, até então esta uma das melhores obras da nossa região, equipada com material adequado ao seu objectivo, com capacidade para ser apetrechada de meios técnicos para poder cumprir cabalmente a sua missão. Do seu Corpo de Bombeiros fazem parte um grupo de homens e senhoras vocacionadas para dar resposta as necessidades da população deste concelho, quer no que concerne a extinção de incêndios, quer no que se relaciona com a prestação de socorros a doentes e sinistrados. O emblema da associação colocado na fachada principal do novo quartel dos BVP é uma excelente pega de louça artística oferecida pelo seu autor, Álvaro José de Oliveira Mendes, de Caldas da Rainha, que assim com a sua arte e o seu meritório gesto, quis homenagear a terra natal de sua esposa, Maria José de Carvalho Nicolau de Oliveira Mendes. O edifício passou a marcar a sua presença com mais dignidade com aquela nobre peça estampada na fachada principal do edifício, símbolo dos bombeiros, designado por ‘Phénix' que corresponde o renascer das cinzas. Para o novo edifício, quiseram os nossos bombeiros seguir a antiquíssima tradição e praxe mundialmente difundida, adoptando um orago ou padroeiro de cariz religioso. Talvez por na sua biografia estar incluída a fama de um milagre na extinção de um incêndio urbano e pelas curas do mal ardente, a escolha recaiu em São Marçal, Bispo da Igreja. A Veneranda imagem deste doutor da Igreja encontra-se dentro do edifício do novo quartel, em lugar de destaque, tendo sido adquirida a titulo de oferta aos BVP pela Agência Funerária de Peniche, de Eugénio Margarido e Filhos. Mais um ano que passou após o Último aniversario ainda comemorado no edifício da Rua dos Bombeiros Voluntários (antiga Rua do Matinho) que ali funcionou durante 17 anos, nos anos que decorreram de 1972 a 1999. Deixamos para trás com saudades daquele espaço implantada a sua construção numa zona nobre da cidade.
Realizaram-se as cerimonias costumadas com a celebração da Eucaristia na Igreja Paroquial de São Pedro, presidida pelo capelão da corporação, Pe. José Luís Guerreiro. No final daquele acto religioso, o comandante Jacinto Teodósio Pedrosa, em nome da Liga Nacional dos Bombeiros, impôs a medalha de ouro, pelos 15 anos de serviço, ao Pe. José Luís Guerreiro. Logo de seguida, junto ao átrio da referida igreja, procedeu-se ao baptismo de três novas viaturas como sinal de um bom desempenho da missão e para um melhor serviço junto da comunidade, em todas as situações da vida. Estas viaturas são instrumentos ao serviço dos homens, de suas vidas e seus bens. A caminho da nova unidade, em cortejo, com os elementos da corporação e das viaturas, seguiu-se a sessão solene, onde se salientaram as deliberações da reunião de direcção em atribuir ao Parque de Viaturas das Ambulâncias o nome de Jorge dos Santos Carvalho, pelo acompanhamento técnico gratuito das obras do novo quartel e pela dedicação à corporação. A Sala de Comunicações foi atribuído o nome do ajudante Carlos Garcia, pela instalação de todo o equipamento da mesma.
Seguiu-se a atribuição de condecorações de assiduidade e tempo de serviço. Feita a chamada dos distinguidos procedeu-se a imposição das condecorações aos seguintes elementos: medalha de cobre com cinco anos de assiduidade: António Augusto Antunes Pinheiro (bombeiro de 2° classe); Eddy Leal Dias (bombeiro de 2° classe); Nuno Alexandre Castro Domingos (bombeiro de 2° Classe); Rui Alexandre Rodrigues Petinga (bombeiro de 2° classe); David José Dias Serafim (bombeiro de 2° classe); Luís Miguel Silva Nicolau (bombeiro de 3° classe); Manuel José Santana Rocha (bombeiro de 3° classe); Ricardo António Pinheiro Lourenço (bombeiro de 3° classe); Sérgio Paulo Sousa Martins (bombeiro de 3° classe); Nuno Jorge Santana Rocha (bombeiro de 3° classe) e Evaristo Silva Cavalheiro (secretario da direcção). A medalha de prata, com 10 anos de assiduidade, foi entregue aos seguintes bombeiros: Carlos Manuel Costa Resende e Alexandre Miguel Vicente Barradas, José António Carriço Lopez Rodrigues e Rui Pedro Leitão Gomes (bombeiros de 1°classe); Paulo Jorge Resende da Costa e Humberto Jorge Antunes Alexandre (bombeiros de 3°classe); Horácio Leandro Duarte (vogal da direcção). A medalha de ouro, com 15 anos de assiduidade, foi atribuída a: José Luís Santos Rodrigues (ajudante capelão); António Agostinho Godinho Coelho e Silva (ajudante médico); António Manuel Sousinha Brás (subchefe); Joaquim Livio Franco Nobre (bombeiro de 3° classe) e Júlio Alberto São Bento Correia (presidente da direcção). Por último, foi atribuída a medalha de ouro, com 20 anos de assiduidade, a: Carlos Alberto Remigio Garcia (ajudante de comando); Remigio Manuel Codinha Santos (bombeiro de 3° classe) e Pedro Manuel Trindade Pinto Gomes (Motorista auxiliar).
Foi a partir desta sessão solene que muitos elementos presentes tiveram conhecimento a titulo oficial daquilo que já algum tempo era conversa de caserna, a passagem do comandante Jacinto Teodósio Pedrosa ao Quadro Honorário. Os rumores concretizaram-se, ficando toda a unidade mais pobre com a saída daquela tão responsável personalidade, que tanto deu em prol do bem comum.
Na despedida das suas funções, o comandante Jacinto Pedrosa deixou bem claro um aviso, afirmando que enquanto viver e os bombeiros precisarem, estará sempre presente e ao seu serviço.
Apesar de ter passado ao Quadro Honorário, enquanto desempenhar as funções nos órgãos dos bombeiros, lutará sempre, como até a data, não deixando dizimar nem amachucar o associativismo e o voluntariado desta instituição que tão bons serviços têm prestado à região e ao país.
No fim deste acto, foi transmitida a deliberação da Liga dos Bombeiros Portugueses que, por reconhecimento dos serviços prestados, mesmo após a sua passagem ao Quadro Honorário, foi aprovada a atribuição do crachá de ouro ao ajudante de comando do Quadro Honorário, Joaquim Rogério, com uma grande ovação da assistência.
Havia agora que preencher aquele alto cargo da corporação. Pouco tempo depois, a ABVP congratulou-se com o novo elemento, Carlos Alberto Remigio Garcia, ajudante de comando, ao preencher o lugar vago do comandante daquela corporação, deixado pelo anterior, por motivos de doença, actividade que já vinha a exercer interinamente há já alguns meses, mostrando bem os seus vastos conhecimentos em especial no que respeita a casos de incêndios.
Ainda em 1999, também Peniche foi palco de uma concentração de bombeiros a nível nacional no dia 21 de Novembro, facto que honrou todos os responsáveis da instituição e penicheiros em geral. Tratou-se do IX Encontro Nacional dos Bombeiros do Quadro Honorário, encontro onde estiveram presentes cerca de 950 bombeiros de todo o pais, com três centenas de acompanhantes, aproximadamente, incluindo motoristas, convidados e elementos deste corpo de bombeiros, membros dos órgãos sociais, cujo número ascendeu a 1.400 participantes nesta festividade, que decorreu com dignidade e disciplina. Os participantes representaram 15 federações distritais do território continental, não tendo participado apenas as federações de Faro, Viana do Castelo e Vila Real. O convívio decorreu em ambiente de animação e amizade entre todos.

Antes de encerrar esta década, de 1990 a 1999, com todo o seu trajecto das mais diversas ocorrências passadas durante aquele espaço de tempo, há que lamentar a perda de alguns elementos que serviram as mais diversas atribuições desta instituição "Do Bem Fazer”, bem como outros estranhos ao corpo dos bombeiros, que de qualquer modo deram a sua contribuição. Assim, durante este período, partiu Eduardo José da Silva Gomes, bombeiro de 3°classe. Este soldado da paz quis antecipar a morte pelas suas próprias mãos a 1 de Janeiro de 1994, aos 21 anos, fazendo parte daquela corporação desde 12 de Julho de 1988. O seu corpo ficou em câmara ardente no salão do quartel da associação, tendo sido ali celebrada missa no dia 3, pelo ajudante de comando, Pe. José Luís Guerreiro. Foi prestada guarda de honra no quartel até a saída do corpo do malogrado bombeiro, para o Cemitério Municipal de Santana, onde foi sepultado em talhão privado dos Soldados da Paz. A corporação dos BVP viu ainda partir o subchefe António Filipe Neves, incorporado a 11 de Outubro de 1943, tendo falecido a 30 de Junho de 1994; chefe José Alexandre, incorporado a 10 de Novembro de 1956, falecido a 9 de Janeiro de 1995; director Nelson Rocha, entre 1974 e 1995, falecido a 21 de Junho de 1995. Todos jazem no talhão dos BVP no Cemitério de Santana. Em 1996, a bombeira de 3° classe, Amélia Maria Ferreira Alexandre, que pertenceu :1 Secção de Serra de El-Rei, viria a falecer, no dia 26 de Agosto, no Hospital de Santa Maria em Lisboa, na sequência de um trágico acidente, ocorrido no dia 24, pelas 12h00, na Estrada Municipal que liga o lugar de Serra de El-Rei ao de Casais de Mestre Mendo, na primeira curva no sentido Sul/Norte, quando ia combater um incêndio naquelas imediações. A falecida foi transladada do hospital para o quartel de Serra de El-Rei, onde foram celebradas as exéquias por sua alma. Seguiu para o Cemitério Municipal de Santana, em Peniche, onde foi inumada no talhão privado dos BVP. Não vou esquecer nesta mesma década, mais propriamente a 4 de Maio de 1994, o falecimento, na Austrália, para onde tinha emigrado, do grande benemérito que não esqueceu aquela instituição humanitária, José António da Lídia Belo, trasladado para o Cemitério Municipal de Santana, onde foi inumado a 15 de Maio de 1994.

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