Este título que poderemos traduzir à letra como “O Rapaz Pescador de Portugal”, de autoria de Ingeborg Lippmann, é um livro editado em 1971, nos EUA e que, através de um miúdo de Peniche – Joaquim António Amaro da Trindade, o “Piolha” – faz um verdadeiro levantamento etnográfico desta, na altura, vila e da sua actividade piscatória.
Pode ainda hoje ser adquirido em 2ª mão, um exemplar com alguma facilidade, pela internet, na “Amazon”.
Ingeborg, fotógrafa julgo já falecida, cidadã norte-americana, mas de origem austríaca, retrata com a sua objectiva uma Peniche, a preto e branco, que já não existe: a escola de pesca, o estaleiro da Gamboa, os jogos de berlinde e futebol no campo da torre, a “praia dos barcos”, as bicas onde os muitos que não tinham água em casa se iam abastecer, o Stella Maris, a ribeira repleta de barcos, o portinho do meio idem idem aspas aspas, a folia do carnaval, o novo mercado (agora velho), a lota ou a mercearia do Serralha.
Também é interessante para o indígena, identificar as pessoas que passam por aquelas fotografias. O Joaquim António é a personagem principal deste livro. O rapaz e a sua família sem esquecer o cão, moradores na rua Salvador Franco, vai deambulando com o seu pai mãe avó e amigos por uma terra que nos deixa, apesar de tudo, alguma saudade. O texto é uma peça secundária e simples de mero enquadramento às fotografias, essas sim, ou não fosse a autora fotógrafa, a essência desta monografia.
Seria interessante reeditar, agora em português, este trabalho que só foi editado em inglês. Não é caso único, o de livros sobre a nossa terra apenas em línguas estrangeiras, pois sobre o concelho de Peniche, concretamente sobre a Berlenga também existe uma monografia só editada em galego de Estanislao Fernández de La Cigoña ou ainda, o que neste caso é ridículo, “Berlenga Bird Year”, de C. C. Moore, editado Pelo ICN, que para quem não sabe é um instituto português e que teve o descaramento de publicar esta monografia, apenas em inglês.
Quanto ao nosso pescadorzinho português e para memória futura, terá de ser dito que não se tornou pescador.
Fernando Lino
quinta-feira, janeiro 08, 2009
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1 comentário:
Quero felicitar a inportância dada ao facto de existir algum relato sobre este livro, conheço este livro desde que nasci, pois sou filho do "piolha". Não é nenhuma obra literária mas, é sobre as pessoas e a sua vida naquela altura. Apesar de ser um documentário tem fotografias muito bonitas e retrata a Cidade de Peniche de outroura. Um bem haja.
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