quinta-feira, novembro 20, 2008

Quem foi o doutor Bonifácio da Silva

Por: Fernando Engenheiro
De seu nome completo JOSÉ Bonifácio DA SIL VA era natural de Vale de Prazeres, Concelho do Fundão, diocese e distrito Administrativo de Castelo Branco. Nasceu a 14 de Outubro de 1886, filho de Joaquim Bonifácio da Silva, de profissão ferrador, e de Joana Caetana, governanta da sua própria casa, também na- turais da freguesia de Vale de Prazeres, nela recebidos na paroquial de São Bartolomeu, onde este seu filho recebeu na pia baptismal, a 7 de Dezembro do mesmo ano, o nome de “José” pelo presbitero coadjutor daquela freguesia.
Residentes que foram na Rua Direita daquele lugar, ao que nos é dado saber, foram frutos do seu matrimônio além do José Bonifácio, Antônio Bonifácio da Silva, que seguiu a vida e e Luís Bonifácio da Silva.
Prestes a completar os 19 anos de idade, José Bonifácio ofereceu-se como voluntário para o cumprimento dos deveres militares, por antecipação, no Regimento de Cavalaria n°4. Ali foi incorporado a 2 de Outubro de 1905, servindo no efectivo até 2 de Setembro de 1913. Assim, neste espaço de tempo serviu o governo da Monarquia e o governo da República.
Frequentou na Universidade de Coimbra o Curso Geral da Faculdade de Medicina e alcançou aprovação nos exames e provas a que pela organização da respectiva Faculdade era obrigado obteve o grau de Bacharel em 14 de Julho de 1916, aos vinte e nove anos de idade.
Estava-se na época em plena 1° Guerra Mundial (1914/1918) e, embora o nosso Pais não estivesse liga do aos primeiros acontecimentos que originaram toda a tragédia, bem podia vir a ser envolvido no conflito - como aconteceu - atendendo à nossa aliança com o Império Britânico.
O Doutor José Bonifácio, por decreto de 25 de Agosto de 1916, foi promovido a alferes médico miliciano e no dia seguinte, para efeitos de mobilização, é colocado no 2°Grupo de Companhias de Saúde em Coimbra. Embarcou para França, fazendo parte do 2° Batalhão do 7 Regimento de Infantaria n°2, em 27 de Maio de 1917. Já em plena missão foi promovido, em 24 de Setembro, a tenente médico miliciano.
No regresso de França, desembarcou em Lisboa em 12 de Fevereiro de 1918, com a sua missâo cumprida. Foi condecorado com a Medalha da Vitória, com Estrela de prata sobre a faixa da Medalha da Vitória.
Ao regressar à vida civil, desamparado, sem em prego, concorreu a um lugar na Câmara Municipal da Chamusca. Ali foi colocado a exercer as funções de médico municipal na freguesia de Pinheiro Grande. Não satisfeito, pouco tempo depois, na sequência de concurso público, o Dr. José Bonifácio da Silva toma posse do cargo de médico interino do 2. partido médico do Concelho de Peniche, com sede nesta Vila, em 13 de Setembro de 1918.
Chegou a Peniche solteiro, sem qualquer companhia familiar, e instalou-se numa casa particular na Rua Marechal Gomes Freire de Andrade.
Sentindo necessidade de formar familia a sua escolha recaiu numa filha de Luis Maria Freire de Andrade, pessoa que na época se encontrava à frente dos destino do Municipio e cuja casa certamente visitava.
Assim, a 23/1/1919, na capela particular da casa da tia da nubente, D. Isabel Maria Godinha Tavares, situada na Rua Alexandre Herculano (prédio onde hoje existe o Café Aviz) em Peniche, por uma provisão do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Neto, foi celebrado o seu casamento, aos 32 anos de idade, com D. Maria das Dores Godinha Tavares Freire de Andrade, de 21 anos de idade, nascida em 1897 na freguesia de Nossa Senhora da Ajuda em Peniche
Seus sogros eram Luis Maria Freire de Andrade, conceituado comerciante e proprietário em Peniche, donde era natural, e D. Balbina da Purificação Godinha Tavares, natural da freguesia de Santa Justa e Rufina da cidade de Lisboa.
Foi presbitero assistente neste enlace matrimonial o Pároco de Fatela e irmão do conjugue, Padre António Bonifácio da Silva.
Atendendo à s situação dei ao serviço do Municipio de Peniche, esteve ainda por algum tempo ligado à Câmara Municipal da Chamusca.o seu casamento teve curta duração – não foi além de 4 anos - por falecimento de sua esposa, a 22 de Fevereiro de 1923, na freguesia de Belas, do Concelho de Sintra (obito 133/1923-Sintra).
Naquele espaço de tempo nasceram duas filhas: Maria Teresa Freire de Andrade Bonifácio da Silva e Maria do Carmo Freire de Andrade Bonifácio da Silva.
As crianças foram criadas por uma empregada de nome Gertrudes, natural da Serra do Calvo, do Concelho da Lourinhã, que as criou com o maior afecto permanecendo naquela casa até se finar.
Já viúvo, a 4 de Agosto de 1923, o Dr. Bonifácio toma posse em Peniche do lugar de médico municipal das freguesias rurais, com sede em Atouguia da Baleia, em substituição do Doutor José Nogueira Pereira Lobo, em actividade desde 3/9/1912.
Com o vencimento anual de sete mil e duzentos escudos, manteve-se ininterruptamente no exercício destas funções até ao dia 11 de Janeiro de 1937, data em que foi exonerado a seu pedido por se considerar incurso no art. 473 do Código Administrativo de 1936, ficando em sua substituição, interinamente, o Doutor João José Pita da Silva.
A sua exoneração de médico municipal tornava-se imprescindível para o exercício do cargo que viria a exercer de Sub-Director Médico da então Colonia Correcional de S. Bernardino.
Ainda antes, apôs a Constituição Politica de 1933, estava a exercer a convite do Governo Civil do Distrito as funções de Presidente da União Nacional Concelhia, lugar a executar pela alta confiança do Poder Central. Por algum tempo deixou esta actividade para assumir a Presidência da Câmara Municipal de Peniche no espaço compreendido entre 27/11/1941 e 8/2/1945.
Alma beirã, culto e de prestigio, a sua actividade muito contribuiu para o progresso deste Concelho.
Lembro aqui que nas décadas de 30 e 40 assumiu os cargos de Presidente da Direcção da Caixa de Crédito Agrícola Mutuo de Peniche e de Presidente do Gré mio da Lavoura de Peniche, mantendo a sua actividade profissional como Director Clínico da Cadeia do Forte de Peniche e como Clínico Geral da Casa dos Pescadores.
Apôs a passagem de testemunho como Presidente do Municipio para o Comandante José da Motta Coutinho Garrido, reassumiu o cargo político de Presidente da União Nacional Concelhia, onde se manteve até aos últimos dias da sua vida, sendo depois substituído por José da Conceição Fernandes Bento, comerciante e proprietário em Peniche.
Não posso deixar de referir a sua contribuição para o desenvolvimento local como um dos fundadores do Instituto D. Luís de Ataíde, estabelecimento de ensino secundário particular criado a partir de 1934 no rés-do chão do edificio dos Paços do Concelho e transferido em 1937 para um edificio solarengo situado na antiga Rua do Cais, actual Avenida do Mar onde funcionou até ao ano lectivo de 1951/1952.
Foi durante largos anos Director e grande entusiasta deste estabelecimento de ensino que muito serviu sucessivas gerações de jovens penichenses até à criação do ensino secundário oficial na Escola Industrial e Comercial de Peniche.
Além de outros cargos, desempenhou até se finar funções como membro do Conselho Municipal de Peniche.
Ainda hoje é bem lembrada a sua actividade como lavrador, pois bastante se dedicou à agricultura na vasta propriedade designada por “Quinta da Granja”, situada entre Peniche e Atouguia da Baleia, onde nos últimos anos da sua vida ocupava grande parte do seu tempo.
Aos 60 anos de idade, depois de muitos anos no estado de viúvo, celebrou o seu segundo matrimônio com Dona Isabel Ribeiro Artur, solteira, de idade idêntica, filha de um antigo oficial militar que serviu em Peniche e por cá fixou residência, o General Bartolomeu Sezinando Ribeiro Artur, e de sua esposa Dona Maria da Costa Ribeiro Artur.
Faleceu na sua residência, na Rua Alexandre Herculano, acompanhado de sua esposa, a 28 de Janeiro de 1967, com 80 anos de idade, apôs prolongado sofrimento.
Foi figura de grande destaque e da maior simpatia, quern Peniche muito ficou devendo.
A Câmara Municipal de Peniche, por deliberação unânime tomada em reunião de 18 de Julho de 1994 quis perpetuar a sua memória com urna singela homenagem atribuindo o seu nome a uma artéria desta Cidade.
Trata-se do arruamento que liga a Rua do Lapadusso à Rua Cabo Avelar Pessoa, paralela à Rua de Sant Cruz e imediatamente a Poente desta.
Peniche, Outubro de 2008

4 comentários:

Anónimo disse...

era da minha familia

Manuel Resende disse...

O Dr. José Bonifácio da Silva tinha mais uma irmã que não é referenciada no texto, com o nome de: Antónia Bonifácio da Silva.

fatima chasqueira disse...

Antónia Bonifácio da Silva, irmã do Dr. José Bonifácio da Silva, que era minha avó.

Nani disse...

Boa noite, super interessante a história. Será possível enviar mais dados sobre a família? Sou Ana Correia , criadora da página Vale de Prazeres Memórias, conjuntamente com Prof Dr Joaquim Candeias da Silva que aceitou o meu repto, criou-se a Monografia Histórica Vale de Prazeres e Mata da Rainha e também sou a fundadora e presidente da Câmara de Comércio da Região das Beiras. Sei que o Prof Joaquim Candeias, que acaba de me enviar uma mensagem, vão falar sobre o tio avô nas jornadas de Medicina em Castelo Branco. A página Vale de Prazeres Memórias serve para o passado não ser esquecido e o futuro ter sempre algo do presente. Posso contar com a sua generosidade e ter fotos de família e histórias?? Grata, Abraço, Ana Correia