Autor: Fernando
Engenheiro
Ainda nos fins da década
de 70, os BVP realizaram um sorteio para a compra de uma ambulância
que constituía, no momento, a mais premente necessidade, pois na
época as constantes solicitações dos serviços exigiam um maior
número destas viaturas. Tratava-se de uma necessidade que se
impunha, dado o aumento, sempre crescente, da população e das
exigências normais do concelho de Peniche. Dispunha então a
corporação, em Maio de 1980, de três ambulâncias, das quais
apenas duas se encontravam em condições do serem utilizadas,
destinando-se a outra, em consequência do seu estado de degradação,
a ser adaptada a outros serviços. Eram muitas as ocasiões em que no
quartel não havia uma única ambulância, acontecendo, por vezes, ao
ser solicitada outra espécie de socorros, haver a necessidade de
recorrer a improvisação de outra viatura em ambulância.
Causou em parte grande
admiração da Corporação do Bombeiros Voluntários, pouco tempo
depois das comemorações das bodas de ouro daquela colectividade, o
l° comandante a frente dos destinos daquela instituição
humanitária desde Novembro de 1958, ter pedido a exoneração das
atribuições do seu cargo, pondo-o à disposição de alguém que a
direcção escolhesse para preencher a sua vaga, cujo conhecimento
oficial teve lugar em reunião daquela colectividade no dia 28 de
Março de 1980, embora o seu pedido de demissão bem como a acta em
que a direcção delibera não aceitar o pedido, nada alterou a sua
vontade de se afastar, por razoes varias. A Câmara Municipal ao ter
conhecimento daquela grande perda não só para os bombeiros mas para
Peniche em geral, de harmonia com o deliberado
em sua reunião realizada no dia 23 de Abril de 1980, torna pública
a deliberação municipal que conferiu a Luís Filipe Jordão Vidal
de Carvalho, um voto de louvor pela notável e dedicada actividade
exercida no comando do corpo de BVP, em que, pelo seu inexcedível
devotamento e incansável luta pelo engrandecimento da corporação,
se tornou digno da admiração e agradecimento da comunidade que,
desinteressadamente, serviu em tão espinhosa missão durante mais
de 21 anos. Assim, assumiu o cargo do comando inteiramente, a 19 de
Dezembro de 1980, o 2°. comandante Joaquim Barradas Leitão, que
entregou o comando pouco tempo depois ao então presidente da
direcção, Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, que tomou a posição
de 1°Comandante.
A 18 de Dezembro de 1981,
a Câmara Municipal de Peniche adquire a António Pafùncio da Silva
Santos, residente no lugar da Coimbra, uma casa de rés-do-chão que
lhe ficava contigua ao edifício da sede dos BVP, para ampliar o
actual quartel, que lhe serviria de garagem para recolha de algumas
das suas viaturas, Dois anos mais tarde, em 1983, foi aumentado o
património da associação com mais uma ambulância Renault, viatura
equipada com suspensão especial para transportes de dois sinistrados
ou doentes e dois acompanhantes, bem como uma auto-escada Magirus,
importada da Inglaterra. Procedeu-se a bênção das duas novas
viaturas, as quais foram dadas os nomes de chefe Elísio Vieira
Carriço e comandante Jacinto Teodósio Pedrosa, respectivamente. Não
obstante toda a boa vontade e esforço
despendido, estas aquisições só foram possíveis com forte apoio
financeiro da autarquia, que se dignou a dar um subsidio de 3.893.000
escudos, que permitiu a associação adquirir a auto-escada. Trata-se
de uma viatura equipada com uma escada extensível, totalmente
hidráulica, com o comprimento de 30,5 metros, com movimento
rotativo, elevatório, ascendente e descendente, equipada no seu topo
com. um. canhão de agua para combater incêndios. A viatura tem
cabine com capacidade para seis pessoas, dispondo de comunicação
por interfone entre o operador do comando e o topo da escada.
Também no mesmo ano foi
oferecida por Ernesto Luís Costa, vulgo ‘Ernesto Estrela' natural
de Peniche e emigrante em Franca e que, tendo sido amigo bombeiro,
assim provou de modo tão significativo e exemplar o amor e tão alto
apreço em que tem a corporação que serviu e o nobre e humanitário
papel que desempenha no seio da sociedade. Tratou-se da oferta de uma
viatura Citroen AM4 (estilo boca de sapo),
embora não sendo complemente nova, encontrava-se em excelente estado
de conservação.
No seguimento das
comemorações dos 55 anos de Vida daquela instituição humanitária,
em 16 do Junho do 1984, destaco as novas promoções dos elementos
que constituíam aquele corpo de voluntários: a subchefe, Joaquim
Miguel Eustáquio Sousinha; a 1“. classe, José Ribeiro Jorge; a 2°
classe, Carlos Manuel Vagos Ferreira e José António Bruno da Silva;
a 3° classe, Paulo Nuno Ablum Santana, Alberto José Duarte
Cordeiro, Adriano José da Silva Duarte, António Manuel da Silva
Sousinha Brás, Américo António Ablum Esgaio, João de Almeida
Monteiro, Artur Joaquim Ferreira Simões, Carlos Alberto Pinto Vale
Nove, Joaquim Livio Franco Nobre, José Carlos Ferreira Silva e
Alfredo Liberato Santos Henriques. No Quadro Auxiliar foram
promovidos a 3° classe: António Garcia Couto, José Augusto Ribeiro
Leiria, Humberto Manuel da Silva Santos, Vítor Manuel da Silva
Rosendo e António Romão da Justina Canhoto. Com aproveitamento e a
aguardar a idade para a 3“. classe: Paulo Jorge do Carmo Vitorino,
Artur Jorge da Fonseca Ferreira e Vítor Manuel Martins dos Santos.
Na passagem de Classe de cadete a aspirante foi promovido Américo
António Ablum Esgaio. Quanto a passagem ao Quadro Honorário, ao
posto imediato de subchefe, foi promovido Patrício dos Ramos, e a
bombeiro de 1° classe, António Filipe Neves.
No ano seguinte, por
deliberação camarária de 23 de Abril de 1985, foi concedida uma
comparticipação para a obtenção de um auto pronto-socorro. Também
no cumprimento do programa festivo das comemorações do 58°
aniversario da associação humanitária, foram benzidas três novas
viaturas: um auto-tanque pesado, uma ambulância de transportes e uma
de pronto-socorro.
Todos estes meios de
socorrismo vieram contribuir para melhorar a qualidade e a eficácia
dos serviços que aos bombeiros competem, exigindo também deles um
maior grau de formação técnica. Como parte do programa deste mesmo
dia, procedeu-se a inauguração de um monumento ao bombeiro,
constituído por uma bela pega em bronze que foi colocada na fachada
do quartel, da autoria de Carlos José Rosendo Chuvas, natural e
residente em Peniche (actualmente encontra-se em lugar de destaque no
hall na nova sede dos BVP).
Em 1986, mais um ano
decorrido que não deixou de ser assinalado com um novo
pronto-socorro com vários rolos de mangueiras para combate a
incêndios de matérias combustíveis. Nesta data, foi também
distinguida com a medalha de ouro de serviços distintos, da Liga dos
Bombeiros Portugueses, Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, membro
superior desta instituição que foi condecorado a 16 de Junho de
1986.
A Câmara Municipal, em
sua reunião de 8 de Março de 1988, toma conhecimento de uma carta
datada de 29 de Janeiro, da Pro-Comissão Instaladora da Terceira
Secção dos Bombeiros Voluntários de Peniche em Serra de El-Rei,
informando da realização, dentro de um curto espaço de tempo, da escritura
definitiva da aquisição de um edifício destinado as referidas
instalações e solicitando que sejam tomadas as medidas atempadas
necessárias, nomeadamente as de natureza orçamental. Não tardou
que a autarquia, meses depois desse conhecimento a Associação dos
Bombeiros Voluntários de Peniche, que já se encontra registado a
favor da mesma Câmara na Conservatória do Registo
Predial o prédio que» vai ser alienado aquela Associação
Humanitária de harmonia com a deliberação tomada em 28 de Agosto
de 1986. A Câmara deliberou, por unanimidade, confirmar a referida
deliberação e celebrar a necessária escritura.
Um dos momentos altos das
comemorações que decorreram na manha do dia 21 de Junho de 1987,
foi a sessão solene que teve lugar no próprio quartel. Durante a
sessão procedeu-se a atribuição de condecorações por
assiduidade, tendo sido distinguidos: com medalha de ouro - 2°
comandante Joaquim Barradas Leitão, bombeiro de 1° classe António
Berto Martins Alfaiate e o motorista auxiliar Hernâni dos
Santos do Carmo; com medalha de Prata: bombeiro de 1° classe, Vítor
Pedro de Almeida Gonçalves
Pereira, os bombeiros de 2°classe José Manuel dos Reis Salgado
Pereira e José António Bruno da Silva o bombeiro de 3° classe,
Joaquim Nicolau Cordeiro dos Santos. Com medalha de cobre, os
bombeiros de 3° classe, Paulo Nuno Ablum Santana, Alberto José
Duarte Cordeiro e Américo António Ablum Esgaio, os motoristas
auxiliares Henrique Carvalho Fonseca Santos, Virgolino Delfim Pereira
e Jorge Manuel do Nascimento Sarreira Pereira. A mesma ‘Ordem de
Serviço’ incluía também um louvor ao chefe Joaquim Rogério
"pela
disponibilidade e dedicações evidenciadas nos 43 anos de serviço”
prestados naquela corporação, o qual, deste modo, passou ao Quadro
Honorário no posto de ajudante de comando.
A 16
de Junho de 1988 assinalaram-se os 59 anos do nascimento da
associação, mas a data foi celebrada pelos BVP no domingo seguinte,
no dia 19. Tal como em anos anteriores, esta foi uma ocasião festiva
de entusiasmo para os então membros do corpo activo, direcção e
fanfarra, bem corno para os respectivos familiares, para reflectir a
acção meritória da corporação a população da cidade, concelho
e não só, pois devemos ter também em conta o apoio prestado pela
corporação as suas congéneres das zonas afectadas pelos fogos de
Verão. Por estas e outras razoes se associou, com afecto e
admiração, a população as cerimónias. Na sessão solene,
realizada no quartel, foram distribuídas as seguintes medalhas a
membros do corpo activo: medalha do ouro (30 anos de serviço) ao
bombeiro de 1° classe, Fernando Luís Malheiros Lopes; medalha de
prata (10 anos de serviço). aos bombeiros de 2° classe, Aníbal da
Silva Ramos e Francisco Geraldes Alfaiate; 3° classe: António José
Adão Cordeiro e Remigio Manuel Codinha Santos, auxiliares Pedro
Manuel da Trindade
Pinto Gomes e Francisco Manuel da Costa Zaragoza, e motorista
auxiliar Artur Alberto Teixeira Gouveia. A medalha de cobre (5 anos
de serviço) aos bombeiros de 3° classe Adriano José da Silva
Trindade, António, Manuel da Si1va Sousinha Brás, Joaquim Livio
Franco Nobre e Heitor Augusto da Silva Trindade.
Em
meados de 1989 começaram os corpos gerentes desta instituição
anotar que; mesmo com ampliações que se fizeram em terrenos
confinantes com o quartel, adquiridos por compra pelo município, as
instalações mostravam-se insuficientes para o grande movimento que
os BVP registavam. Assim, a 24 de Agosto dey1989), a associação
dirigiu uma carta a Câmara Municipal, apresentando alternativas
previstas para a implantação de um novo quartel. Após reunião
camarária realizada a 19 de Setembro de 1989, em satisfação a uma
informação prestada pela Divisão de Habitação e Urbanismo,
datada de 11 daquele mesmo mês, a Câmara Municipal deliberou concordar
com a localização apontada pelos serviços para a implantação do
novo quartel e equipamento de apoio, na zona da Prageira, a sul das
instalações municipais.
Antes
de encerrar a década de 80, com todo o seu trajecto das mais
diversas ocorrências passadas durante aquele espaço de tempo, há
que lamentar e incluir na mesma trajectória a perda de alguns
elementos que serviram por longos anos as mais diversas atribuições
neste organismo ‘do bem-fazer' que já não fazem parte do mundo em
que vivemos: Quintino Augusto de Lemos (bombeiro fundador) nascido a
1 de Abril de 1907 e falecido a 5 de Junho de 1980; José Inácio
Bandeira (bombeiro fundador) falecido a 8 de Novembro de 1980; José
Augusto Leiria, vitima de acidente quando no pronto-socorro da
corporação se dirigia ao local de mais um sinistro, veio a falecer
no Hospital Ade São José, a 12 de Julho de 1984, com 40 anos. O
desditoso bombeiro foi projectado do veiculo onde seguia quando este,
junto da Escola Primária n°1 desta então vila, curvou da Avenida
das Escolas para a Rua Doutor João de Matos Bilhau. Na sua queda
José Leiria bateu com a cabeça no lancil. A vitima entrou para o
Quadro deAuxi1iar do Corpo dos BVP em 1980, tinha feito em Maio o
ultimo exame para bombeiro de 3° classe,- com bom aproveitamento, e
havia pedido a sua passagem para o Quadro Activo, na altura do
acidente, jaz sepultado no talhão dos BVP no Cemitério Municipal de
Santana; Sebastião Maria das Neves, bombeiro de 1° classe, faleceu
a 28 do Setembro de 1986, jaz ‘sepultado no Talhão dos BVP no
mesmo cemitério, Hernâni dos Santos Carmo, motorista auxiliar,
faleceu a 6 de Junho de 1987, jaz sepultado no mesmo Talhão; Carlos
Alberto dos Santos, director, faleceu a 29 de Setembro de 1987, jaz
sepultado no Talhão dos BVP. Para o mesmo talhão foi também a
sepultar Manuel António Malheiros, depois de prolongada doença)
falecido a 20 de Março de 1988. Foi fundador e bombeiro daquela
corporação humanitária, pertencendo desde então ao corpo dos
bombeiros, que sempre serviram com maior dedicação. Exerceu o cargo
de comandante durante cerca de nove anos, até 1958, altura em que
passou ao Quadro Honorário como 1°comandante. Aires Henriques
Bolas falecido a 4 de Maio do 1988, a escassos dias do perfazer 90
anos de idade, também esta sepultado no mesmo talhão. O extinto,
que se encontrava desde 1961, depois de 40 anos ao serviço do
município, deixa o seu nome ligado e a diversas instituições
locais a que devotamente se dedicou durante largas dezenas de anos,
nomeadamente, a Associação dos Bombeiros Voluntários de Peniche,
de que foi fundador, e, posteriormente, director durante muitas
gerências, até a Santa Casa da Misericórdia, à Associação
recreativa Penichense e ao Grémio do Comércio do Concelho de
Peniche. Manteve durante toda a sua vida o maior interesse por tudo
quanto a Peniche e ao seu progresso dissesse respeito Foi a sepultar
no Cemitério Municipal de Santana, no talhão privativo dos BVP, a
seu pedido, sendo o seu desejo ficar junto dos soldados da paz que
ali encontraram o descanso eterno na sua última morada.
Deixamos para trás
a década de 80 e fizemos o possível e até o impossível de
entrarmos na década quase
segue com o pé direito, espaço de tempo que nos trouxe grandes
recordações, bastantes alegrias,
depois de grandes lutas e trabalho sem cessar, obtivemos a recompensa
de se tornar realidade a construção da nova sede, o edifício agora
na zona da Prageira, que ao longo deste período de tempo, com recuos
e avanços, com a colaboração de todos, e em especial com a própria
autarquia, foi possível levar avante a concretização daquela
grandiosa obra, implantada em terreno cedido pelo município, pela
importância simbólica de mil escudos.
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