Artigo: Fernando
Engenheiro
ANO DE 1996
A 22 de Março de 1996 realizou-se a
assembleia geral da AHBVP, no salão de festas da sede da instituição, tendo o comandante
Jacinto Pedrosa tecido algumas considerações elogiosas acerca da pessoa que durante 19 anos, de forma
digna responsável, assumiu a presidência da assembleia geral, tendo
demonstrado apego e grande dedicação a causa a que se entregou
totalmente patenteando franca amizade aos bombeiros da sua terra. Ao
ser convidado para continuar a exercer o cargo que vinha ocupando,
nitidamente comovido, declinou o convite. Trata-se do grande amigo
desta casa, Francisco Mamede Cardoso Júnior, para quem foi proposto
um voto de louvor, que mereceu aprovação unânime com aclamação.
Empossada a nova direcção, o novo
presidente, Júlio Alberto São Bento Correia, congratulou-se com a
entrada de novos elementos, designadamente, António José Barradas
Leitão, João Fernando Correia Costa Vargas e Humberto João Prioste
Bruno Machado, a quem desejou o gosto e empenho por esta casa, digna
da maior dedicação e aprego de todos os penichenses.
Meses depois, jé então com a nova
direcção em plena actividade, continuaram, a exemplos dos anos anteriores, a comemorar mais um
aniversario desta brilhante instituição humanitária, que comemorou os 67 anos de idade a 16 de
Junho de 1996. Assim, a direcção e o comando levaram a efeito a comemoração de mais um
aniversario. Do programa, ainda na memoria de muitos, destacamos na
véspera do aniversario, dia 15, em Serra d'El-Rei, localidade onde
foi montado um simulacro em que se deitou fogo a uma viatura, tendo
sido executados os trabalhos inerentes a extinção do incêndio
provocado e simulado o salvamento das pessoas hipoteticamente
envolvidas no sinistro. Colaboraram nestes exercícios os bombeiros
adstritos à secção destacada na localidade serrana.
No dia seguinte, com poucas alterações
dos anos anteriores, seguiram-se o cortejo ao Cemitério Municipal de
Santana com os elementos que compõem o corpo de bombeiros e
fanfarra.
Seguiu-se o cortejo pelas ruas
principais da cidade, direito à Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Ajuda, onde foi celebrada a
Eucaristia pelo reverendo ajudante do comando, Pe. José Luís Guerreiro, que efusivamente referiu, na
homilia, a importância dos bombeiros numa terra e a acção por eles desenvolvida que se considera
bastante meritória, arriscando, por vezes, a própria vida para salvar a vida do seu semelhante.
Terminado o acto religioso, seguiu-se a sessão solene no salão de
festas da sede da ABVP.
No decorrer das cerimonias salientou-se
um louvor a dois bombeiros que, meses antes, salvaram dois surfistas
em perigo de vida no mar da Praia do Baleal. Com a agressividade do
mar, retratada por uma ondulação de seis a sete metros, era já
imprevisível conseguir-se o salvamento daqueles jovens de 16 e 17
anos, que, com destreza e desconhecimento do perigo a que se
impuseram quando praticavam desporto em condições tão negativas.
Alertado o Quartel dos Bombeiros de Peniche, cerca das 12h30 do dia 7
de Janeiro de 1996, com rapidez, todo o pessoal com material e
equipamento necessários, se fez deslocar para as praias mais
próximos dos surfistas, entre Peniche de Cima e Baleal, onde dois
dos três jovens se afastavam mais da praia, correndo o risco de se
esmagarem contra as rochas. Foi então que os bombeiros José António
Lopez Rodrigues, de 22 anos, e Rui Gomes, de 24, largaram o bote a
água, com muita dificuldade, devido a violência do mar,
acompanhados do sota-patrão, Jacinto Neves, em serviço no Instituto
de Socorros a Náufragos, com sede em Peniche. Algum tempo depois, os
dois bombeiros foram distinguidos com o prémio ’Bombeiro do Ano -
Diário de Noticias' tendo sido seleccionados por um júri
constituídos pelo major Júlio Gomes (Serviço Nacional de
Bombeiros), Anselmo Silva (Liga dos Bombeiros Portugueses), Isabel
Rodrigues e Fernando Pires (Diário de Noticias). A referida
distinção foi entregue numa festa realizada no dia 4 de Fevereiro
no Espaço 2-A Aguiar de Alpoim, em Lisboa, como consta de um
diploma, bem como foi atribuído um prémio com o valor monetário
global de 250 mil escudos, a dividir igualmente pelos dois.
Na sessão solene foram colocadas
divisas e entregues machados a 28 bombeiros que aguardavam promoção,
por outros elementos do corpo de bombeiros e familiares, em casos
especiais. e a seu pedido. Também foram colocadas medalhas por
assiduidade a bombeiros graduados e membros dos órgãos sociais da
associação medalha de cobre aos que se dedicaram há mais de 5
anos; de prata, aos que permanecessem há mais de 10 anos; de ouro,
aos que perfizeram 15 anos; e ainda de ouro aqueles que têm mais de 20 anos de
dedicação a instituição.
A Câmara Municipal de Peniche tinha em
conta a comparticipação a dar aquela instituição, durante o
decorrer das obras do novo quartel em construção na Avenida do
Porto de Pesca. Para isso tinha necessidade de por em andamento o
loteamento de terrenos municipais na Prageira (Avenidas do Porto de
Pesca e Monsenhor Manuel Bastos de Sousa) para construções
particulares, a fim de obter fundos, para satisfazer o que ficou
acordado em reunião camarária e que pouco tempo depois satisfez a
deliberação em causa.
Também no decorrer deste ano, o
comandante Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, pela sua valentia e o
seu bairrismo a terra que abraçou, levou-o ao longo do seu
voluntariado ao serviço dos Bombeiros Voluntários de Peniche a ser
reconhecido pelas mais diversas entidades oficiais pelos relevantes
serviços prestados à instituição.
Na cidade das Caldas da Rainha, entre
os dias de 23 a 27 de Outubro de 1996 teve lugar a realização do
XXXVI Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.
No último dia decorreu a cerimónia em
que foi condecorado aquele ilustre comandante desta corporação com
o crachá de ouro, por relevantes serviços prestados à nobre causa
dos Bombeiros Portugueses. Segundo o artigo 3° do Regulamento de
Condecorações, o crachá é destinado a galardoar serviços
altamente relevantes, de carácter eminentemente geral e de
incontestável contributo para a causa dos Bombeiros. Este alto
galardão foi colocado pelo Chefe da Casa Militar, general Faria
Leal, em representação do Presidente da República. Também a
Câmara Municipal, poucos dias depois, quis vincular mais uma vez a
sua gratidão, deliberando em reunião de 4 de Novembro de 1996,
atribuir aquela personalidade a medalha de honra do Município de
Peniche, cunhada em ouro, com as seguintes razões para o fazer, que
foram presentes na mesa da reunião, em que fundamentou aquela
atribuição: As funções que o Senhor Jacinto Teodósio Ribeiro
Pedrosa exerceu como Presidente da Federação dos Bombeiros do
Distrito de Leiria, durante 10 anos, prestigiando a instituição
perante o País;
As funções que exerceu como Conselheiro Regional dos Bombeiros da
Região de Lisboa e Vale do Tejo, durante 10 anos; A atribuição do
mais alto galardão da Liga dos Bombeiros Portugueses, o crachá de
ouro, concedido ao Senhor Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, pela sua
dedicação, pela forma desinteressada como do longo da sua vida
defendeu os valores do Humanismo e da Solidariedade; A dedicação
que do longo dos últimos 25 anos, vem prestando à Associação dos
Bombeiros Voluntários de Peniche, quer como seu dirigente, quer como
Comandante do seu Corpo de Bombeiros e por conseguinte do Concelho de
Peniche; Considerando que à Autarquia, como
representante do Povo deste Concelho, compete o reconhecimento e o
agradecimento público pela devoção do trabalho desenvolvido em
prol da Sociedade pelo Senhor Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa’
ANO DE 1997
Decorre já desde 0
principio desta década a campanha de angariação de fundos para a
construção do novo quartel na Avenida do Porto de Pesca a tornejar
para a Rua da Ponte Velha. Embora a construção desta obra tivesse
inicio em Maio de 1996 estava prevista a sua conclusão para Novembro
de 1997, 0 que não aconteceu. O seu valor foi orçado em cerca de
200 mil contos, o que na prática, não é difícil de crer, que este
montante se elevaria em algumas dezenas de milhares de contos. Foi
sempre com optimismo que foram conseguidas verbas para a sua
conclusão, em termos de construção civil. Tínhamos também a
certeza que o edifício carecia de equipamentos adequados a sua
estrutura, cujos custos também foram avultados, ficando a cargo do
Município de Peniche todo o seu recheio. Foi esta obra subsidiada
pelo Estado através do PIDDAC - Programa de Investimentos e Despesas
de Desenvolvimento da Administração Central, segundo protocolo
assinado, bem como pela Câmara Municipal, sempre pronta no que
estava ao seu alcance, na sua contribuição.
Para além dos apoios públicos, um benfeitor legou aos bombeiros da
terra um donativo de 30.000 contos. Foi concretamente o nosso saudoso
amigo José António da Lidia Belo.
As direcções à
frente dos destinos daquela instituição humanitária enviaram
esforços no sentido de angariarem fundos, através de acções
tendentes a recolha de dinheiro que fez rentabilizar, através de uma
conta bancária especifica com o objectivo de o aplicar nas obras do
quartel. Citamos, entre outros donativos, a receita do Festival da
Sardinha no Verão de 1995, uma percentagem na exploração dos
parcómetros e nas
receitas do parque de estacionamento do Baleal. Não obstante as
actividades desenvolvidas, em prol de uma causa comum a todos os
cidadãos, também os munícipes deste concelho deram o seu
contributo para que a obra se concretizasse.
Ainda em 1997,
alguns bombeiros da corporação de Peniche participaram num curso de
Técnicas de Resgate em Montanhas que decorreu no período
compreendido entre 15 de Fevereiro e 9 de Março, com aproveitamento.
Este curso teve a
finalidade de proporcionar o resgate de vitimas em falésias e fogos,
o que veio a ser mais um meio de intervenção na resolução de tais
situações sinistras.
Foram feitas
algumas instruções na nossa costa, tendo a prova final sido
realizada junto ao Cabo Carvoeiro, a qual se realizou com êxito.
Em Março do mesmo
ano, o comandante Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa foi mais uma vez
homenageado, a 27 de Março de 1997, no Hotel Atlântico Golfe em
Peniche/Consolação, onde lhe foi prestada homenagem pelo Rotary
Clube de Peniche. Nesta distinção foi posto em destaque o empenho e
dedicação que o comandante Pedrosa, ao longo da sua vida, nunca
regateou a causa pública, não só
nas suas funções de bombeiro mas também nas numerosas outras
tarefas de serviço à comunidade em que se empenhou.
Meses mais tarde, a
AHBVP comemorou o seu 68° aniversário no dia 22 de Junho. Como vem
sendo hábito, esta efeméride assinalou de forma simplista, mas
muito significativa, mais um ano de dedicação à causa pública por
parte da direcção, comando e corporação da instituição. Por
outro lado, consideraram importantes os seus responsáveis
proporcionar anualmente uma festa que dê oportunidade ao convívio e
fraternidade de todos os componentes desta dedicada família de
bombeiros, pela sua abnegação e espírito de sacrifício que,
voluntariamente, se entrega a uma causa tão sublime e que se traduz
no lema bem conhecido: “Vida por vida”.
Do programa do
aniversário, destacamos: no dia 21, sábado, durante a manhã foram
descerradas duas Lápides.
Uma no quartel em
Serra d’El-Rei, com a homenagem a titulo póstumo A bombeira de
terceira classe, falecida em Agosto do ano anterior, quando ia apagar
um incêndio nas imediações de
Ferrel, Amélia Maria Ferreira Alexandre. O parque de viaturas da
secção serrana ficou com a designação do seu nome. Perante
formatura geral do corpo de bombeiros e fanfarra, o presidente de
Câmara Municipal de Peniche, João Augusto Tavares Barradas,
convidou o viúvo da saudosa bombeira a fazer 0 descerramento da
lapide. Usou da palavra Jacinto Pedrosa, na qualidade de comandante
da corporação, preferindo algumas palavras de muito apreço e
dedicação à bombeira Amélia assim como a todos os elementos do
referido corpo.
No dia 22, domingo,
as comemorações tiveram lugar na cidade de Peniche. Após a
celebração da Eucaristia na
Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Ajuda, em frente ao referido
templo, o celebrante, Pe. José Luís Guerreiro, ajudante de comando,
procedeu a bênção de três viaturas, duas das quais, ambulâncias,
foram apadrinhadas pelos "Bombeiros do Ano" Rui Pedro
Leitão Gomes e José António Lopez Rodrigues, e um auto-tanque
pesado, em que foi padrinho o secretário da direcção, José
Joaquim Vitorino Pedrosa. Toda a comitiva, bem como os soldados da
paz, regressaram ao
quartel depois das cerimonias no Cemitério Municipal de Santana,
junto ao talhão dos bombeiros
falecidos, onde foi depositada uma coroa de flores e prestadas as
honras fúnebres habituais pelo
corpo de bombeiros e a fanfarra que acompanha a instituição em
casos especiais. O momento alto das
comemorações culminou com a habitual sessão solene, depois das
formalidades em que o presidente
da assembleia geral, António José Leitão, abriu a sessão. De
seguida, o comandante-interino,
Francisco Zaragoza, leu a ordem do dia, seguindo-se a atribuição de
medalhas por assiduidade, aos membros dos órgãos sociais e
bombeiros, de harmonia com os anos de serviço de cada um. Assim,
foram entregues medalhas de cobre, prata e ouro, respectivamente aos
que tinham 5, 10, 15 e 20 anos. A medalha de 5 anos foi entregue ao
bombeiro Paulo Jorge Valverde; de 10 anos ao secretário da
assembleia geral, Carlos Jorge Amaral Domingos, e ao bombeiro Nuno
Miguel Leitão. Medalha de 15 anos aos bombeiros Paulo Ablum Santana
e António Fernandes, e, ainda, ao motorista Virgolino Ferreira; de
20 anos ao sub-chefe Vítor Pedro Pereira e aos bombeiros José
Manuel Pereira, José António da Silva e José António Mendonça.
Na mesma cerimonia foram entregues as medalhas aos Bombeiros do Ano e
ao sota-patrão Jacinto Neves (ISN), pela sua arrojada acção
demonstrada em salvamentos no ano de 1996, bem como a entrega da
medalha de honra do município, em ouro, ao presidente da direcção
da associação, Júlio Alberto São Bento Correia, pelo presidente
da Câmara Municipal, João Augusto Tavares Barradas, que fez a
entrega da medalha igual ao comandante da corporação, Jacinto
Teodósio Ribeiro Pedrosa, cumprindo assim uma
deliberação camarária do ano anterior.
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