quarta-feira, março 19, 2014

SOLDADOS DA PAZ coma Sede em Peniche Parte IX ( Década de 1990 a 1999 )

Artigo: Fernando Engenheiro
ANO DE 1996

A 22 de Março de 1996 realizou-se a assembleia geral da AHBVP, no salão de festas da sede da instituição, tendo o comandante Jacinto Pedrosa tecido algumas considerações elogiosas acerca da pessoa que durante 19 anos, de forma digna responsável, assumiu a presidência da assembleia geral, tendo demonstrado apego e grande dedicação a causa a que se entregou totalmente patenteando franca amizade aos bombeiros da sua terra. Ao ser convidado para continuar a exercer o cargo que vinha ocupando, nitidamente comovido, declinou o convite. Trata-se do grande amigo desta casa, Francisco Mamede Cardoso Júnior, para quem foi proposto um voto de louvor, que mereceu aprovação unânime com aclamação.
Empossada a nova direcção, o novo presidente, Júlio Alberto São Bento Correia, congratulou-se com a entrada de novos elementos, designadamente, António José Barradas Leitão, João Fernando Correia Costa Vargas e Humberto João Prioste Bruno Machado, a quem desejou o gosto e empenho por esta casa, digna da maior dedicação e aprego de todos os penichenses.
Meses depois, jé então com a nova direcção em plena actividade, continuaram, a exemplos dos anos anteriores, a comemorar mais um aniversario desta brilhante instituição humanitária, que comemorou os 67 anos de idade a 16 de Junho de 1996. Assim, a direcção e o comando levaram a efeito a comemoração de mais um aniversario. Do programa, ainda na memoria de muitos, destacamos na véspera do aniversario, dia 15, em Serra d'El-Rei, localidade onde foi montado um simulacro em que se deitou fogo a uma viatura, tendo sido executados os trabalhos inerentes a extinção do incêndio provocado e simulado o salvamento das pessoas hipoteticamente envolvidas no sinistro. Colaboraram nestes exercícios os bombeiros adstritos à secção destacada na localidade serrana.
No dia seguinte, com poucas alterações dos anos anteriores, seguiram-se o cortejo ao Cemitério Municipal de Santana com os elementos que compõem o corpo de bombeiros e fanfarra.
Seguiu-se o cortejo pelas ruas principais da cidade, direito à Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Ajuda, onde foi celebrada a Eucaristia pelo reverendo ajudante do comando, Pe. José Luís Guerreiro, que efusivamente referiu, na homilia, a importância dos bombeiros numa terra e a acção por eles desenvolvida que se considera bastante meritória, arriscando, por vezes, a própria vida para salvar a vida do seu semelhante. Terminado o acto religioso, seguiu-se a sessão solene no salão de festas da sede da ABVP.
No decorrer das cerimonias salientou-se um louvor a dois bombeiros que, meses antes, salvaram dois surfistas em perigo de vida no mar da Praia do Baleal. Com a agressividade do mar, retratada por uma ondulação de seis a sete metros, era já imprevisível conseguir-se o salvamento daqueles jovens de 16 e 17 anos, que, com destreza e desconhecimento do perigo a que se impuseram quando praticavam desporto em condições tão negativas. Alertado o Quartel dos Bombeiros de Peniche, cerca das 12h30 do dia 7 de Janeiro de 1996, com rapidez, todo o pessoal com material e equipamento necessários, se fez deslocar para as praias mais próximos dos surfistas, entre Peniche de Cima e Baleal, onde dois dos três jovens se afastavam mais da praia, correndo o risco de se esmagarem contra as rochas. Foi então que os bombeiros José António Lopez Rodrigues, de 22 anos, e Rui Gomes, de 24, largaram o bote a água, com muita dificuldade, devido a violência do mar, acompanhados do sota-patrão, Jacinto Neves, em serviço no Instituto de Socorros a Náufragos, com sede em Peniche. Algum tempo depois, os dois bombeiros foram distinguidos com o prémio ’Bombeiro do Ano - Diário de Noticias' tendo sido seleccionados por um júri constituídos pelo major Júlio Gomes (Serviço Nacional de Bombeiros), Anselmo Silva (Liga dos Bombeiros Portugueses), Isabel Rodrigues e Fernando Pires (Diário de Noticias). A referida distinção foi entregue numa festa realizada no dia 4 de Fevereiro no Espaço 2-A Aguiar de Alpoim, em Lisboa, como consta de um diploma, bem como foi atribuído um prémio com o valor monetário global de 250 mil escudos, a dividir igualmente pelos dois.
Na sessão solene foram colocadas divisas e entregues machados a 28 bombeiros que aguardavam promoção, por outros elementos do corpo de bombeiros e familiares, em casos especiais. e a seu pedido. Também foram colocadas medalhas por assiduidade a bombeiros graduados e membros dos órgãos sociais da associação medalha de cobre aos que se dedicaram há mais de 5 anos; de prata, aos que permanecessem há mais de 10 anos; de ouro, aos que perfizeram 15 anos; e ainda de ouro aqueles que têm mais de 20 anos de dedicação a instituição.
A Câmara Municipal de Peniche tinha em conta a comparticipação a dar aquela instituição, durante o decorrer das obras do novo quartel em construção na Avenida do Porto de Pesca. Para isso tinha necessidade de por em andamento o loteamento de terrenos municipais na Prageira (Avenidas do Porto de Pesca e Monsenhor Manuel Bastos de Sousa) para construções particulares, a fim de obter fundos, para satisfazer o que ficou acordado em reunião camarária e que pouco tempo depois satisfez a deliberação em causa.
Também no decorrer deste ano, o comandante Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, pela sua valentia e o seu bairrismo a terra que abraçou, levou-o ao longo do seu voluntariado ao serviço dos Bombeiros Voluntários de Peniche a ser reconhecido pelas mais diversas entidades oficiais pelos relevantes serviços prestados à instituição.
Na cidade das Caldas da Rainha, entre os dias de 23 a 27 de Outubro de 1996 teve lugar a realização do XXXVI Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.
No último dia decorreu a cerimónia em que foi condecorado aquele ilustre comandante desta corporação com o crachá de ouro, por relevantes serviços prestados à nobre causa dos Bombeiros Portugueses. Segundo o artigo 3° do Regulamento de Condecorações, o crachá é destinado a galardoar serviços altamente relevantes, de carácter eminentemente geral e de incontestável contributo para a causa dos Bombeiros. Este alto galardão foi colocado pelo Chefe da Casa Militar, general Faria Leal, em representação do Presidente da República. Também a Câmara Municipal, poucos dias depois, quis vincular mais uma vez a sua gratidão, deliberando em reunião de 4 de Novembro de 1996, atribuir aquela personalidade a medalha de honra do Município de Peniche, cunhada em ouro, com as seguintes razões para o fazer, que foram presentes na mesa da reunião, em que fundamentou aquela atribuição: As funções que o Senhor Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa exerceu como Presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria, durante 10 anos, prestigiando a instituição perante o País; As funções que exerceu como Conselheiro Regional dos Bombeiros da Região de Lisboa e Vale do Tejo, durante 10 anos; A atribuição do mais alto galardão da Liga dos Bombeiros Portugueses, o crachá de ouro, concedido ao Senhor Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, pela sua dedicação, pela forma desinteressada como do longo da sua vida defendeu os valores do Humanismo e da Solidariedade; A dedicação que do longo dos últimos 25 anos, vem prestando à Associação dos Bombeiros Voluntários de Peniche, quer como seu dirigente, quer como Comandante do seu Corpo de Bombeiros e por conseguinte do Concelho de Peniche; Considerando que à Autarquia, como representante do Povo deste Concelho, compete o reconhecimento e o agradecimento público pela devoção do trabalho desenvolvido em prol da Sociedade pelo Senhor Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa’
ANO DE 1997
Decorre já desde 0 principio desta década a campanha de angariação de fundos para a construção do novo quartel na Avenida do Porto de Pesca a tornejar para a Rua da Ponte Velha. Embora a construção desta obra tivesse inicio em Maio de 1996 estava prevista a sua conclusão para Novembro de 1997, 0 que não aconteceu. O seu valor foi orçado em cerca de 200 mil contos, o que na prática, não é difícil de crer, que este montante se elevaria em algumas dezenas de milhares de contos. Foi sempre com optimismo que foram conseguidas verbas para a sua conclusão, em termos de construção civil. Tínhamos também a certeza que o edifício carecia de equipamentos adequados a sua estrutura, cujos custos também foram avultados, ficando a cargo do Município de Peniche todo o seu recheio. Foi esta obra subsidiada pelo Estado através do PIDDAC - Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central, segundo protocolo assinado, bem como pela Câmara Municipal, sempre pronta no que estava ao seu alcance, na sua contribuição. Para além dos apoios públicos, um benfeitor legou aos bombeiros da terra um donativo de 30.000 contos. Foi concretamente o nosso saudoso amigo José António da Lidia Belo.
As direcções à frente dos destinos daquela instituição humanitária enviaram esforços no sentido de angariarem fundos, através de acções tendentes a recolha de dinheiro que fez rentabilizar, através de uma conta bancária especifica com o objectivo de o aplicar nas obras do quartel. Citamos, entre outros donativos, a receita do Festival da Sardinha no Verão de 1995, uma percentagem na exploração dos parcómetros e nas receitas do parque de estacionamento do Baleal. Não obstante as actividades desenvolvidas, em prol de uma causa comum a todos os cidadãos, também os munícipes deste concelho deram o seu contributo para que a obra se concretizasse.
Ainda em 1997, alguns bombeiros da corporação de Peniche participaram num curso de Técnicas de Resgate em Montanhas que decorreu no período compreendido entre 15 de Fevereiro e 9 de Março, com aproveitamento.
Este curso teve a finalidade de proporcionar o resgate de vitimas em falésias e fogos, o que veio a ser mais um meio de intervenção na resolução de tais situações sinistras.
Foram feitas algumas instruções na nossa costa, tendo a prova final sido realizada junto ao Cabo Carvoeiro, a qual se realizou com êxito.
Em Março do mesmo ano, o comandante Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa foi mais uma vez homenageado, a 27 de Março de 1997, no Hotel Atlântico Golfe em Peniche/Consolação, onde lhe foi prestada homenagem pelo Rotary Clube de Peniche. Nesta distinção foi posto em destaque o empenho e dedicação que o comandante Pedrosa, ao longo da sua vida, nunca regateou a causa pública, não só nas suas funções de bombeiro mas também nas numerosas outras tarefas de serviço à comunidade em que se empenhou.
Meses mais tarde, a AHBVP comemorou o seu 68° aniversário no dia 22 de Junho. Como vem sendo hábito, esta efeméride assinalou de forma simplista, mas muito significativa, mais um ano de dedicação à causa pública por parte da direcção, comando e corporação da instituição. Por outro lado, consideraram importantes os seus responsáveis proporcionar anualmente uma festa que dê oportunidade ao convívio e fraternidade de todos os componentes desta dedicada família de bombeiros, pela sua abnegação e espírito de sacrifício que, voluntariamente, se entrega a uma causa tão sublime e que se traduz no lema bem conhecido: “Vida por vida”.
Do programa do aniversário, destacamos: no dia 21, sábado, durante a manhã foram descerradas duas Lápides.
Uma no quartel em Serra d’El-Rei, com a homenagem a titulo póstumo A bombeira de terceira classe, falecida em Agosto do ano anterior, quando ia apagar um incêndio nas imediações de Ferrel, Amélia Maria Ferreira Alexandre. O parque de viaturas da secção serrana ficou com a designação do seu nome. Perante formatura geral do corpo de bombeiros e fanfarra, o presidente de Câmara Municipal de Peniche, João Augusto Tavares Barradas, convidou o viúvo da saudosa bombeira a fazer 0 descerramento da lapide. Usou da palavra Jacinto Pedrosa, na qualidade de comandante da corporação, preferindo algumas palavras de muito apreço e dedicação à bombeira Amélia assim como a todos os elementos do referido corpo.
No dia 22, domingo, as comemorações tiveram lugar na cidade de Peniche. Após a celebração da Eucaristia na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Ajuda, em frente ao referido templo, o celebrante, Pe. José Luís Guerreiro, ajudante de comando, procedeu a bênção de três viaturas, duas das quais, ambulâncias, foram apadrinhadas pelos "Bombeiros do Ano" Rui Pedro Leitão Gomes e José António Lopez Rodrigues, e um auto-tanque pesado, em que foi padrinho o secretário da direcção, José Joaquim Vitorino Pedrosa. Toda a comitiva, bem como os soldados da paz, regressaram ao quartel depois das cerimonias no Cemitério Municipal de Santana, junto ao talhão dos bombeiros falecidos, onde foi depositada uma coroa de flores e prestadas as honras fúnebres habituais pelo corpo de bombeiros e a fanfarra que acompanha a instituição em casos especiais. O momento alto das comemorações culminou com a habitual sessão solene, depois das formalidades em que o presidente da assembleia geral, António José Leitão, abriu a sessão. De seguida, o comandante-interino, Francisco Zaragoza, leu a ordem do dia, seguindo-se a atribuição de medalhas por assiduidade, aos membros dos órgãos sociais e bombeiros, de harmonia com os anos de serviço de cada um. Assim, foram entregues medalhas de cobre, prata e ouro, respectivamente aos que tinham 5, 10, 15 e 20 anos. A medalha de 5 anos foi entregue ao bombeiro Paulo Jorge Valverde; de 10 anos ao secretário da assembleia geral, Carlos Jorge Amaral Domingos, e ao bombeiro Nuno Miguel Leitão. Medalha de 15 anos aos bombeiros Paulo Ablum Santana e António Fernandes, e, ainda, ao motorista Virgolino Ferreira; de 20 anos ao sub-chefe Vítor Pedro Pereira e aos bombeiros José Manuel Pereira, José António da Silva e José António Mendonça. Na mesma cerimonia foram entregues as medalhas aos Bombeiros do Ano e ao sota-patrão Jacinto Neves (ISN), pela sua arrojada acção demonstrada em salvamentos no ano de 1996, bem como a entrega da medalha de honra do município, em ouro, ao presidente da direcção da associação, Júlio Alberto São Bento Correia, pelo presidente da Câmara Municipal, João Augusto Tavares Barradas, que fez a entrega da medalha igual ao comandante da corporação, Jacinto Teodósio Ribeiro Pedrosa, cumprindo assim uma deliberação camarária do ano anterior.

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